Carlos Borges, Agência Ecclesia

São precisas ‘Caravanas de Esperança’, sim, no plural, várias!! Vou arriscar escrever que este mês de outubro de 2025, em Portugal, ficou marcado, essencialmente pela política, aquela que influência e mexe com a vida das pessoas, como o OE2025, a Lei da Nacionalidade, e, diminuindo na escala, mas aproximando-me do dia-a-dia das populações, as Eleições Autárquicas.
As caravanas dos partidos e dos políticos, dos candidatos e apoiantes, andaram na estrada, percorreram ruas e vielas, e meteram-se pelas famosas vias sem saída, os locais ou serviços onde vão ou passam apenas nestes períodos, que antecedem as campanhas. Será que foram ‘Caravanas de Esperança’ para os fregueses, que tiveram de escolher os membros das Assembleias de Freguesia, das Assembleias Municipais e os executivos das Câmaras Municipais.
Faz hoje 30 dias que fui de carro para Lisboa, nesses dias é sair cedo de casa para fugir ao trânsito na Ponte 25 de Abril, mesmo assim, demorei uma hora, entre a partida no Vale da Amoreira, pelas 06h20, e a chegada à Quinta do Bom Pastor. Nessa manhã, na Linha de Sintra, ouvi na emissora católica, andavam políticos a experimentar a vida de quem encontra comboios lotados, outros atrasados, e alguns suprimidos, com propostas de comboios a passarem com mais frequência nas estações… Por acaso, ou não, ninguém cantou ‘O Comboio dos Atrasos’, de Sebastião Antunes & Quadrilha. Será que eram ‘Caravanas de Esperança’?
Mas, estou aqui a andar às voltas, como se estivéssemos numa rotunda a recalcular a viagem, para chegar à verdadeira ‘Caravana de Esperança’, aquela que integramos na Agência ECCLESIA, e eram tempos de campanha autárquica. Chegámos a ser três carros, e uma autocaravana, de terra em terra, sem alaridos de megafones, sistemas de som nos tejadilhos ou colunas portáteis, nem música popular, buzinadelas ou brindes.
Os três frades Franciscanos Capuchinhos da FIPA – Fraternidade Itinerante de Presença e Apostolado – percorreram a Diocese de Bragança-Miranda, a quarta mais extensa de Portugal – 321 paróquias, em 18 unidades pastorais -, durante o ‘Tempo da Criação 2025’, de 9 de setembro a 4 de outubro, com várias mensagens, talvez, também “políticas”, porque “tudo é política”. Nós fizemos reportagem, sem tomar partidos, claro!
Estes religiosos, – frei Hermano Filipe, frei John Naheten e frei Hermenegildo Sarmento, levaram no alforge, para partilhar com todos, todos, todos, que encontraram, exemplares do «Cântico das Criaturas», que São Francisco de Assis escreveu há 800 anos, a mensagem do Papa Leão XIV para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação 2025, e a oração do Jubileu da Esperança, deste Ano Santo 2025.
Foi no dia 2 de outubro, quando nos associamos a esta ‘Caravana de Esperança’, e nem o bispo diocesano, D. Nuno Almeida, faltou. E tivemos sorte, em tudo, foi um dia bom, mesmo muito bom, no tempo de verão: “Louvado sejas, meu Senhor, com todas as tuas criaturas, especialmente o meu senhor irmão Sol, o qual faz o dia e por ele nos alumia”. Mais importante foram as pessoas e as paróquias – da Zona Pastoral de São Bento, do padre Tiago Alves, em Mirandela -, sem esquecer os locais das refeições, que mesas e gente acolhedora. Nestas recetivas comunidades, os frades rezaram e celebraram, cantaram, e fizeram a festa do encontro, da fraternidade, da partilha da esperança, dos saberes e costumes.
Fiquei muito surpreendido por estar sempre tanta gente à espera dos Capuchinhos e do seu pároco, e muitos homens também, num dia de semana, e dia de feira na cidade, o que não é qualquer coisa.
“Foi um mês extremamente rico, com muitas surpresas, com muitas coisas com as quais não contávamos, muitos encontros, também alguns desencontros, mas muitos encontros, e muitos sinais de esperança nas comunidades que fomos encontrando, com quem nos fomos cruzando, com quem fomos rezando, e que, de algum modo, passam a fazer parte de nós também” – Frei Hermano Filipe, guardião da FIPA
São precisas ‘Caravanas de Esperança’, sim, no plural, várias: nas ruas das cidades, vilas e aldeias, a percorrerem os lugares, as estradas apertadas e desconhecidas e as largas autoestradas, ao encontro de tod@s. As pessoas estão lá, à espera de companhia e atenção, de uma palavra amiga, de uma música e de oração.
| “Caravana nome feminino
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