Enviado especial do Papa sublinha dimensão comunitária de um sacramento que deve ser «mesa da integração»
Braga, 01 jun 2024 (Ecclesia) – O cardeal português D. José Tolentino Mendonça, enviado especial do Papa para o V Congresso Eucarístico Nacional (CEN), disse hoje em Braga que as comunidades católicas devem ser espaços de “integração”, abertos a todos.
“A Eucaristia é o lugar, por excelência, da participação, da participação de todos”, referiu o prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação, da Santa Sé, em conferência de imprensa.
“A Eucaristia é um lugar de portas abertas, um lugar de inclusão”, sendo uma “mesa da integração” e não da “exclusão”, acrescentou.
Para o membro da Cúria Romana, o “todos, todos, todos” do Papa Francisco é “uma lição” que se aprende em “profundidade” na celebração da Eucaristia, o “momento da arquitetura da comunidade”.
O legado pontifício para o V CEN, que se conclui este domingo, assinalou a dinâmica sinodal em curso, que convida a Igreja a ativar a dimensão ministerial, com formas de serviço que “envolvam cada vez mais os leigos”.
Falando da Eucaristia como lugar em que todos se descobrem “um povo de irmãos”, D. José Tolentino Mendonça elogiou o dinamismo do CEN, iniciado na sexta-feira, com “mobilização e qualidade verdadeiramente notáveis”.
O responsável apontou à Missa de domingo, no Sameiro, como o “culminar” deste percurso, “uma grande oportunidade para a Igreja portuguesa”.
Os católicos, acrescentou, assumem a responsabilidade de “celebrar a memória de Jesus, através do rito, do culto e também de uma cultura que passa por um compromisso concreto, no mundo”.
Para o prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, é necessário unir esforços para a construção de uma história “mais justa, mais fraterna, mais solidária”.
O cardeal admitiu que, neste momento, “um vento de pessimismo percorre os corações”, em particular na Europa, “ameaçada” pela guerra.
“A Eucaristia é uma cultura de paz, uma mensagem necessária num contexto divisivo”, sustentou.
D. José Tolentino Mendonça considerou que este é “o momento para reforçar a dimensão comunitário”, valorizando a inclusão, a fraternidade, a multiculturalidade nas sociedades europeias.
O membro do Dicastério para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos (Santa Sé) realçou a necessidade de formação litúrgica nas comunidades católicas.
“Há um desejo muito grande de espiritualidade no mundo contemporâneo, daquilo que os ritos e os sacramentos representam, mas é necessário aprofundar o seu sentido”, precisou.
Num tempo em que “o código cultural mudou”, acrescentou, exige-se uma “nova proposta de iniciação” à tradição que se expressa nos sacramentos.
O colaborador do Papa apontou à importância de apresentar “o grande espírito de fidelidade à tradição da Igreja” e, por outro lado, “a resposta aos novos tempos, que o Concílio Vaticano II representa”.
Questionado sobre o que espera encontrar no Sameiro, o cardeal português desejou que se viva um momento de “redescoberta de uma espiritualidade eucarística, que é sempre aquela que coloca Jesus no centro”.
O responsável desejou que a concentração de milhares de pessoas seja sinal de “uma Igreja que se faz serviço, de proximidade, de compaixão, que certamente é mais pobre em recursos, mas é chamada a colaborar de uma forma humilde”.
O CEN, que se iniciou esta sexta-feira, acontece na arquidiocese minhota, 100 anos depois da sua primeira edição, com o tema ‘Partilhar o Pão, alimentar a Esperança. «Reconheceram-n’O ao partir o Pão»’.
O programa de domingo começa junto da Sé de Braga, onde os participantes são convidados a fazer-se peregrinos, a pé, até ao Sameiro.
A celebração acontece após dois dias de trabalhos no Fórum Braga, com cerca de 1400 participantes, de todas as dioceses portuguesas.
No final da Eucaristia, simbolicamente, vão ser plantadas quatro árvores pelos bispos metropolitas de Portugal (Braga, Évora e Lisboa) e pelo delegado pontifício, como “sinal de articulação entre a celebração da Eucaristia e a consciência ecológica integral”, adianta a organização.
OC