Francisco recorda crianças impedidas de nascer ou que morrem de fome
Cidade do Vaticano, 31 mar 2024 (Ecclesia) – O Papa apelou hoje, na sua mensagem pascal, à defesa da vida e ao combate contra o tráfico de seres humanos.
“Quão frequentemente a preciosa dádiva da vida é desprezada! Quantas crianças não conseguem sequer ver a luz? Quantas morrem de fome, são privadas de cuidados essenciais ou são vítimas de abuso e violência? Quantas vidas são mercantilizadas pelo crescente comércio de seres humanos?”, perguntou, falando desde a varanda central da Basílica de São Pedro, antes da bênção ‘Urbi et Orbi’ [à cidade (de Roma) e ao mundo].
A intervenção foi transmitida à escala global, para milhões de pessoas, com emissão televisiva em vários países, incluindo Portugal.
“No dia em que Cristo nos libertou da escravidão da morte, exorto aqueles que têm responsabilidades políticas a não poupar esforços no combate ao flagelo do tráfico humano, trabalhando incansavelmente para desmantelar as suas redes de exploração e dar liberdade àqueles que são suas vítimas”, apelou.
“Que o Senhor console as suas famílias, especialmente aquelas que aguardam ansiosamente notícias dos seus entes queridos, assegurando-lhes conforto e esperança”, acrescentou.
No Domingo de Páscoa, dia da festa mais importante para a Igreja Católica, que assinala a ressurreição de Jesus, Francisco falou do “amor infinito de Deus” por cada um, “um amor que supera todos os limites e todas as fraquezas”.
O Papa recordou o relato dos Evangelhos, segundo os quais as mulheres que acorreram ao túmulo de Jesus encontraram a pedra “removida”, à sua entrada.
“O espanto das mulheres é o nosso espanto: o túmulo de Jesus está aberto e vazio! É aqui que tudo começa”, declarou.
A Igreja revive o espanto das mulheres que foram ao sepulcro na madrugada do primeiro dia da semana. O túmulo de Jesus tinha sido fechado com uma grande pedra; e assim, ainda hoje, pedras pesadas, demasiadamente pesadas, fecham as esperanças da humanidade: a pedra da guerra, a pedra das crises humanitárias, a pedra das violações dos direitos humanos, a pedra do tráfico de pessoas e outras.
Francisco convidou a confiar em Deus para encontrar “o caminho da vida no meio da morte, o caminho da paz no meio da guerra, o caminho da reconciliação nomeio do ódio, o caminho da fraternidade no meio da inimizade”.
“Irmãos e irmãs, Jesus Cristo ressuscitou, e somente Ele é capaz de remover as pedras que fecham o caminho para a vida. Mais ainda, Ele mesmo, o Vivente, é o Caminho: o Caminho da vida, da paz, da reconciliação, da fraternidade”, apontou.
A intervenção sublinhou a importância do perdão e da conversão pessoal, para “sair dos fechamentos, dos preconceitos, das suspeitas mútuas e das presunções”.
“Somente Cristo Ressuscitado, ao dar-nos o perdão dos pecados, abre o caminho para um mundo renovado”, precisou.
Que a luz da ressurreição ilumine as nossas mentes e converta os nossos corações, tomando consciência do valor de toda a vida humana, que deve ser acolhida, protegida e amada”.
A cerimónia contou com a presença de dezenas de milhares de peregrinos e foi precedida pela execução dos hinos do Vaticano e da Itália, pelas bandas da Gendarmaria Pontifícia e dos Carabinieri, com as saudações militares da Guarda Suíça e das Forças Armadas italianas.
OC