Responsável pelo Serviço Nacional da Pastoral do Ensino Superior valorizou a oportunidade de encontro quando o secretário de Estado da Ciência Tecnologia e Ensino Superior está em contacto com todas as dioceses para aferir capacidade de acolher estudantes
Lisboa, 27 jun 2019 (Ecclesia) – O diretor do Serviço Nacional da Pastoral do Ensino Superior (SNPES) afirma que a prioridade da Igreja não se deve centrar em dar “alojamento” aos jovens universitários mas fazer uma proposta pastoral.
“O grande propósito deveria ser, para os jovens que procuram as residências da Igreja, se porventura puder ofertar circunstancialmente as residências, que seja um motivo para trabalhar com os jovens e que isso seja um momento de pastoral e de encontro. Caso contrário parece-me um projeto económico e como tal não sei se é uma mais-valia para a Igreja”, disse à Agência ECCLESIA o padre Eduardo Duque, diretor do Serviço Nacional da Pastoral do Ensino Superior.
O aumento das rendas de casas tem dificultado a vida económica dos estudantes que enfrentam dificuldades para prosseguir os seus estudos e viver junto das instituições universitárias.
O Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, João Sobrinho Teixeira, confirmou à Agência ECCLESIA o contacto “com todas as dioceses”, uma vez que a falta de alojamento para estudantes universitários “é transversal ao país”.
O governo, através de aprovação de um decreto-lei, prevê que as instituições de ensino superior possam contratualizar com “entidades do terceiro setor, acordos para disponibilização temporária, para que estudantes possam ter um alojamento mais compatível com os preços que deverão ser praticados” e disponibilizar alojamento a “preços acessíveis”.
O responsável está a encontrar-se “com todos os bispos” e, sem uma data estabelecida, aguarda a “disponibilidade” para preparar o próximo ano.
“Não será o governo a fazer os protocolos, mas a nossa posição é tentar mapear e informar as entidades dessa possibilidade e colocá-las em contacto”, informa o secretário de Estado.
A preocupação do Serviço Nacional da Pastoral do Ensino Superior centra-se no “acompanhar caso a caso, estudante a estudantes”, na situação real dos estudantes e no prever situações em que não seja vedada a possibilidade de estudar por constrangimentos financeiros.
O responsável destaca que, em Braga, cidade que acompanha, existe uma residência universitária com uma proposta pastoral integrada.
“Aos que apresentavam carências económicas, alguns ficaram isentos de pagamento e outros tiveram rendas baixas. Alguns não podiam pagar propinas e residência simultaneamente”, assinala o padre Eduardo Duque.
“Se é importante que a Igreja esteja atenta à questão da residência dos jovens, esta não deve ser a sua central preocupação, mas sim que tenham uma vivência interior profunda, um projeto pastoral, pensado e estruturado, e deveria ser o Estado a providenciar através dos seus diferentes organismos, respostas para os jovens não abandonarem os seu estudos”, adverte o responsável.
O padre Eduardo Duque afirma que pedir a uma família portuguesa que “gaste 500 euros” com o seu filho para que este possa estudar fora, “é muito” e assinala o necessário “bom senso”.
“Temos de pedir a quem aluga casas que não explore os estudantes e famílias porque podemos estar a retirar a possibilidade aos estudantes de prosseguirem os seus estudos”, reitera.
João Sobrinho Teixeira perspetiva um “crescimento de ensino superior, quer em termos de aumento de alunos nacionais como internacionais que escolhem instituições no interior e ao longo do país”.
“Será bom para todos esta almofada para acolher estudantes”, assinala o responsável governamental à Agência ECCLESIA.
O governo está ainda a apresentar a possibilidade de as dioceses, através do Fundo de Reabilitação, poderem “em património existente não apto para ser alugado”, ser objeto de intervenção “para a sua utilização futura”.
“O fundo que injeta capital para a reconstrução de imóveis para estudantes, pode intervir junto de imóveis do Estado, das autarquias ou do terceiro sector. E temos abordado essa questão”, afirma o Secretário de Estado.
As respostas “não são imediatas”, uma vez que os encontros mantidos são “uma primeira abordagem”, mas, o governo “aguarda feedback”.
LS