Universidade Católica – Um caso de sucesso

Numa entrevista concedida à Agência ECCLESIA, Manuel Braga da Cruz fala sobre o contributo da UCP ao país e da falta de liberdade de ensino. Agência ECCLESIA (AE) – Este ano, a Universidade Católica Portuguesa (UCP) celebra 40 anos de vida. Um aniversário que merece uma avaliação e apontamentos para o futuro? Manuel Braga da Cruz (MBC) – A Universidade formou dezenas de milhares de jovens que ocupam posições de grande relevo, tanto na vida nacional como na vida internacional. Nestes – imensos são membros do clero – gostaria de referir um caso muito especial: o primeiro Prémio Nobel da Paz, D. Carlos Ximenes Belo. AE – Formou muitas personalidades da vida pública e deu algo a outras universidades? MBC – Sim. Há imensos doutorados e mestres da Universidade Católica que trabalham noutras universidades. O contributo dado pela UCP para a formação de quadros da sociedade portuguesa e para o desenvolvimento da Universidade é enorme. Antigos alunos nossos são professores de Universidades estrangeiras. AE – Sintoma de credibilidade? MBC – É verdade. Se repararmos, muitos dos membros do Episcopado foram alunos e também professores da Universidade. Para além da formação académica do clero, a Universidade já deu inúmeros membros do seu corpo docente ao Episcopado. Quando olhamos para o mundo empresarial e profissional, verificamos que muitos dirigentes de grandes empresas e de ordens profissionais também foram alunos da «católica». O papel formativo e educativo da UCP é notável e, unanimemente, reconhecido. AE – Com 40 anos de vida já deixou uma marca histórica em Portugal? MBC – Ao longo destes anos, a UCP começou a ser identificada – na sua qualidade e excelência – pelos alunos que formou e pelos professores que ajudou a formar. Prestigiou-se muito através dessa actuação de formação. A UCP tem desenvolvido também um papel importante ao nível científico nos mais diversos domínios que cultiva. Faz também a publicação de estudos – tanto de investigação como científicos – através de livros, artigos e revistas universitários. Contributo para o desenvolvimento científico AE – Está no patamar científico. MBC – O contributo para o desenvolvimento científico do país tem sido muito apreciado. Basta lembrar a actuação da Universidade Católica Editora – tem vários anos de actividades -, das revistas publicadas pela UCP e das muitas obras de História, Direito, Economia e Biotecnologia saídas desta instituição. A título de exemplo cito as obras da História da Igreja em Portugal, Dicionário da História da Igreja e a Colecção de Biografias dos Reis de Portugal (publicada pelo Círculo de Leitores). A UCP tem dado um contributo muito importante para o desenvolvimento da cultura portuguesa. AE – A UCP entra em vários domínios? MBC – Os nossos fins são três: formação profissional ou preparação de quadros para a sociedade; desenvolvimento científico e a formação cultural. Estes itens têm sido amplamente preenchidos. Recordo, no último nível, a quantidade de colóquios, conferências e seminários – muitos deles com uma ampla participação – realizados pela UCP. AE – Sem esquecer a credibilidade do Centro de Sondagens da UCP? MBC – Sim. Recordo o trabalho brilhante que tem feito este centro. Tem uma enorme credibilidade, a ponto de muitos portugueses acharem que quando as sondagens da UCP são publicadas «fazem fé». São fidedignas e credíveis. Passou as fronteiras AE – Com a sede em Lisboa partiu para outros pontos do país? MBC – Ao longo destes 40 anos a UCP teve um enorme crescimento. Nasceu em Braga, extendeu-se a Lisboa e, depois, foi progressivamente crescendo até várias regiões do país. É uma realidade espalhada pelo país e passou também as fronteiras, visto que estamos em Macau. Ao longo destes anos, a UCP afirmou-se como uma universidade de excelência. É apontada como um caso de sucesso. É apontada como uma Universidade de qualidade. É procurada, visitada e reconhecida como uma Universidade de prestígio. Esta realidade deve-se a todos aqueles que se esforçaram desde o primeiro momento. Esta universidade teve sempre a preocupação de formar bem. AE -A ideia do cardeal Cerejeira transformou-se num sucesso? MBC – O cardeal Cerejeira consegui mobilizar a Igreja Portuguesa e o Episcopado para a ideia de uma Universidade Católica. Não terminou os seus dias sem ver realizado o seu sonho. Ainda foi o primeiro magno chanceler da Universidade Católica. Também gostaria de destacar o papel desempenhado pelo Pe. Bacelar – contribuiu imenso para a fundação concreta da UCP -, D. José Policarpo e o Prof. Isidro Alves. Homens que conduziram este excelente trabalho. AE – Sem esquecer também o seu papel. MBC – Eu sou apenas um mero continuador. Presidente da República foi professor da UCP AE – Dessa universidade saiu também o actual Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva. MBC – É verdade. Foi aqui professor. Recentemente numa cidade da Índia, o Presidente da República foi apresentado como professor da Universidade Católica Portuguesa. AE – Motivo de orgulho para a instituição? MBC – Termos actualmente na chefia do Estado um professor da Universidade e antigo membro do seu Conselho Superior é um motivo de satisfação. AE – Recentemente esteve na Índia com o chefe de Estado. A UCP pensa também abrir algum polo naquele país? MBC – Com a Índia pretendemos ter colaboração com Universidades Indianas. Tive a ocasião de visitar as melhores universidades daquele país. AE – E o Polo de Macau? MBC – Iremos começar este ano um curso de Estudos do Cristianismo. Uma inovação importante porque retomamos a tradição de formar membros do clero do extremo oriente. AE – Portugal é pequeno para a UCP? MBC – Depois de uma fase de expansão estamos numa fase de consolidação e aprofundamento daquilo que temos. Estamos envolvidos arduamente na batalha da qualidade e da internacionalização, não significa espalhar a UCP pelos quatro cantos do mundo mas na credibilização internacional da UCP. AE – Colocar a UCP entre as melhores? MBC – É um esforço que estamos a fazer. Tentamos atrair cada vez mais estudantes estrangeiros. Reivindicar a institucionalização da Liberdade de Ensino em Portugal AE – Sem esquecer que há uma competição com Universidades Estatais? MBC – Esse é um problema. Continuamos a reivindicar a institucionalização da Liberdade de Ensino em Portugal. A UCP continua a ser discriminada negativamente em relação às demais universidades do Estado. Os nossos alunos são obrigados a suportar duplamente os custos da sua formação (pagadores de impostos e de propinas). AE – Como alterar este panorama discriminatório? MBC – As soluções são várias. Temos centrado a nossa reivindicação em propostas de passos progressivos no sentido de instituir a liberdade de ensino. AE – Adivinham-se reformas educativas na Europa? MBC – A Comissão Europeia apontou, num relatório de Maio passado,que é necessário aumentar o investimento privado da Educação nos países na Europa. Vai obrigar a uma alteração profunda do actual quadro institucional e jurídico do Ensino Superior em Portugal. Pensamos numa Faculdade de Ciências da Saúde AE – Sem esquecer o Processo de Bolonha. A UCP está preparada para estas mudanças? MBC – Já introduzimos o Processo de Bolonha em todos os cursos da Universidade. Fomos das primeiras universidades a fazê-lo. AE – Entraram num processo de consolidação mas com projectos de futuro? MBC – Queremos implantar-mo-nos mais fortemente na área da saúde. Temos um Instituto das Ciências da Saúde mas, queremos encará-lo como embrião de uma realidade mais vasta e significativa. Queremos fazer ensino de Medicina e pensamos numa Faculdade de Ciências da Saúde. 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