Relação entre ciência e fé no meio académico dominou encontro em Paris promovido pelo Conselho das Conferências Episcopais da Europa
Paris, 08 abr 2013 (Ecclesia) – Responsáveis do setor da pastoral universitária católica de toda a Europa concluíram este domingo um encontro de três dias em Paris, onde debateram soluções para uma maior aproximação entre a ciência e a fé.
De acordo com o Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE), entidade organizadora do evento, atualmente aquelas duas áreas “ainda são encaradas como se fizessem parte de dois blocos irreconciliáveis”, mas esta “separação não corresponde à verdade”.
“O verdadeiro problema reside na distinção entre fé e razão, entre a fé e a visão que cada pessoa tem da verdade”, pois “frequentemente atribui-se valor científico a algo que não é ciência”, salienta o organismo católico, que reuniu na capital francesa cerca de 40 pessoas de 22 países, entre bispos, delegados pastorais e representantes de associações e de movimentos nacionais.
Sob a coordenação do presidente da secção do CCEE para a “Catequese, Escola e Universidade”, o bispo polaco Marek Jedraszewski, e com o apoio de diversos peritos, o grupo de reflexão chegou à conclusão de que “é necessário promover a aproximação entre as diversas disciplinas do pensamento humano e a própria religião”.
A universidade deve ser “um local de confrontação, de troca de opiniões e de reflexão, um lugar que permita alargar os horizontes e reabrir a questão de Deus”, sustenta o comunicado da CCEE, que considera essencial mostrar as estudantes “o quanto a crença em Deus e uma vida de fé pode ser intelectualmente respeitável e entusiasmante”.
“A ciência é um caminho possível para o encontro pessoal com Deus, e a fé não depende de uma equação, de um algoritmo ou de uma fórmula científica”, afirma o texto final do encontro, que critica a tentação de transformar a “pessoa apenas numa soma de elementos físicos”.
Os responsáveis pela pastoral universitária do Velho Continente lamentam que “o diálogo na esfera académica” fique muitas vezes a meio caminho devido a um “ateísmo agressivo”, que “bloqueia qualquer forma” de abordagem.
Aqueles agentes alertam para a importância de recusar “extremismos”, tanto por parte dos que reclamam a primazia da ciência sobre a crença como também pelos que apoiam a “visão criacionista do mundo”.
“É necessário falar corretamente sobre a história do relacionamento entre a ciência e a Igreja”, e cortar com uma “visão simplista e por vezes distorcida” também responsável pela “ideia de uma Igreja obscura”, sublinha o CCEE.
Segundo os responsáveis pela pastoral universitária na Europa, enquanto “ao longo da história alguns governos tentaram alimentar uma perceção do mundo baseada numa visão científica limitada e específica da realidade, o catolicismo teve sempre como objetivo conciliar todos os elementos da verdade de modo a revelar a verdade absoluta, que é Jesus Cristo”.
Neste âmbito, o diretor do Centro de Ciência e Religião Ian Ramsey, da Universidade de Oxford, de Inglaterra, frei Pinsent, recordou “o número elevado de cientistas cristãos que ao longo dos séculos contribuíram para a análise científica da verdade”.
JCP