Unidade dos cristãos reclama acções concretas contra a pobreza

Os mais pobres e marginalizados da sociedade estiveram no centro da celebração ecuménica que reuniu, na basílica dos Congregados, em Braga, católicos, metodistas e ortodoxos. No dia do arranque do Oitavário de Oração pela Unidade dos Cristãos, cerca de uma centena de cristãos destas confissões religiosas ouviram os seus representantes lançarem um veemente apelo em favor de acções concretas que erradiquem de vez as carências materiais. “Ele faz os surdos ouvir e os mudos falar” é a frase bíblica do Evangelho de São Marcos que marca esta semana de oração por um entendimento mais efectivo entre todas as Igrejas cristãs e pela união de forças contra os sofrimentos da humanidade. Daí que quer D. Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz e representante da Igreja Católica, quer D. Sifredo, Bispo da Igreja Metodista, tenham lembrado nas suas pregações as comunidades cristãs de Umlazi, na África do Sul, e da região de Braga. Umlazi, cidade fundada nos tempos do Apartheid, ainda sofre com o racismo, o desemprego e a pobreza, que se concretiza na falta de escolas, centros médicos e habitações. Esta cidade sul-africana, cuja percentagem de habitantes contaminados com o vírus HIV ascende a 50 por cento, é o “objecto” da oração deste ano de todos os cristãos. O guião mundial para esta semana, que resulta de um trabalho conjunto da Comissão “Fé e Constituição”, do Conselho Mundial das Igrejas e do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos, pretende ajudar a “romper o silêncio” — tempos de oração preparados pelas Igrejas de Umlazi para que os jovens falem sobre o flagelo da Sida — e «mostrar cristãos mais solidários com aqueles que sofrem », recordou ontem o Bispo Sifredo. O representante da Igreja Metodista referiu, durante a celebração, que «os esforços para socorrer os que sofrem concretizam mesmo a Boa Nova que o Evangelho de Marcos procura transmitir». Nesse sentido, o Arcebispo Primaz também lembrou «os “gritos” de fome e escassez de cuidados de saúde» que se fazem ouvir na região de Braga. D. Jorge Ortiga, que tem denunciado, de forma sistemática, a quebra do nível de vida dos minhotos, pediu, por isso, que, «ao invés dos “mudos”, que não falam em nome de Jesus Cristo, desta realidade», «os cristãos denunciem verbalmente e com obras» esta situação. Na celebração, que contou, igualmente, com a presença de um representante da Igreja Ortodoxa Ucraniana, padre Dimitri, o prelado bracarense acabou por «alertar» os presentes para o facto do «homem moderno ter, além da crise sócio-económica, “fome” de Deus». «A solução para esta questão está no testemunho de unidade que os cristãos consigam ou não dar», concluiu. Refira-se que o círio e o crucifixo, que simbolizam a oração pela unidade dos cristãos deste ano, passaram para as mãos dos representantes de Viana do Castelo que participaram na celebração.

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