Presidente do Conselho das Conferências Episcopais do Velho Continente participou em França no 50.º aniversário da morte de Robert Schuman
Metz, França, 09 set 2013 (Ecclesia) – O presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE) considera que a União Europeia só terá futuro se conservar a matriz cristã que esteve na sua origem e respeitar a identidade cultural dos estados-membros.
Numa conferência na cidade de Metz, em França, no âmbito do 50.º aniversário da morte de Robert Schuman, um dos “pais da Europa”, D. Peter Ërdo recordou que “a democracia”, tal como foi definida pelo político francês, “deve a sua existência ao cristianismo”.
“Ao cristianismo onde a dignidade do ser humano está intimamente ligada à sua liberdade individual”, salientou o cardeal húngaro na sua mensagem, enviada hoje à Agência ECCLESIA.
Para aquele responsável, é urgente que a União Europeia “tenha uma alma”, que não perca de vista os valores que obedeceram à sua criação, como a “solidariedade e a fraternidade”.
Em 2004, vários países de Leste saídos do regime comunista, como a Eslovénia, Estónia, Letónia, Lituânia, Polónia e Hungria foram aceites como membros da UE.
Para uma parte das populações daqueles países, apontou D. Peter Ërdo, a adesão à União Europeia foi vista como a entrada forçada num novo “império”, depois de anos e anos de “subordinação e exploração” às mãos de regimes como “o sacro império Romano-Germânico, o Império Austro-Húngaro, a Rússia ou o Império Otomano”.
Por um lado, as políticas de integração daquelas nações estiveram longe de proteger os interesses e direitos das populações, entregues a “uma lógica de capitalismo desregulado”, que só contribuiu para a perda de autonomia financeira.
“Em alguns dos novos estados-membros, a maior parte das pessoas não retiraram qualquer benefício da adesão à União Europeia, bem pelo contrário, o seu nível de vida piorou”, referiu o presidente do CCEE.
Por outro lado, o processo de integração europeia não pode descurar as “propriedades específicas” de cada nação, como “a sua língua, a sua experiência histórica e herança cultural”.
De acordo com D. Peter Ërdo, os responsáveis da UE têm de empenhar-se em “dar a conhecer a realidade, a cultura dos diversos países”, em favorecer o conhecimento mútuo, utilizando por exemplo os “meios de comunicação social” e o “sistema de ensino”.
“Que tipo de conhecimento é que um cidadão húngaro tem sobre a história de Portugal? Ou um inglês em relação à Hungria? Não há comunhão sem conhecimento mútuo. Estas ideias são essenciais para o futuro de toda a União Europeia”, alertou D. Peter Ërdo.
JCP