União Europeia condena atentados no Iraque contra lugares de culto cristãos e muçulmanos

Ameaças, atentados e mortes provocam fuga em massa nas comunidades cristãs

A União Europeia (UE) condenou “sem reservas” os atentados contra os lugares de culto cristãos e muçulmanos no Iraque, através de um comunicado divulgado esta Segunda-feira.

Os chefes de diplomacia dos 27 Estados da UE esperam que o acordo para a designação do presidente e do primeiro-ministro iraquianos contribuam para a constituição de um governo “estável e representativo” que proteja os “direitos do homem, incluindo os dos membros das minorias”.

A comunidade cristã do Iraque foi atingida nas últimas semanas por ataques que intensificaram a fuga para a Jordânia de fiéis, que esperam obter naquele país um visto para a Europa ou EUA.

Em declarações à AFP, o líder da organização de caridade siría da Jordânia e membro do Conselho das Igrejas do Médio Oriente, George Hazou, afirmou que cerca de 700 mil iraquianos, entre eles 120 mil cristãos, se refugiaram na Jordânia desde a invasão americana do Iraque, em 2003.

Neste Domingo, dezenas de iraquianos reuniram-se na igreja siro-ortodoxa de Amã, capital da Jordânia, para rezar e trocar informações, como foi o caso de Suzanne Jilliani, de 40 anos, e do seu marido Hani Daniel, de 28 anos, que no dia do atentado à catedral de Bagdad, a 31 de Outubro, decidiram fugir do Iraque com o seu bebé de um ano.

A Igreja siría da Jordânia disponibilizou-lhes um apartamento, que o casal espera ser provisório, já que planeiam ir para os Estados Unidos e juntar-se aos pais de Suzanne e à sua irmã, em tratamento naquele país após o atentado que custou a vida ao seu marido.

Quem já desistiu desse sonho foi Moayad, que viu recusada a entrada nos EUA por ter servido no exército iraquiano ao tempo do presidente Saddam Hussein.

Ameaçado pela milícia do líder xiita Moqtada Al Sadr, Moayad, que saiu do Iraque depois de o seu supermercado ter explodido, está convencido de que “não há lugar para os cristãos” no seu país.

Odei Hikmat, um trabalhador de 33 anos, também não hesitou em abandonar o território após o atentado à catedral de Bagdad, que causou a morte de 46 civis e sete elementos das forças de segurança.

Três dias depois, chegou a Amã juntamente com os seus pais, “sem esperar que chegasse a [sua] hora para morrer”.

Com a sua certidão de baptismo, que conserva bem guardada, Hikmat espera igualmente encontrar a sua terra de asilo.

“Tem sorte, porque as Igrejas no Iraque já não expedem mais certidões de baptismo, para limitar o exílio dos cristãos”, disse-lhe Mohanad Najem, um mecânico de 38 anos que fugiu em Outubro com a sua mulher e os quatro filhos.

A milícia de Moqtada Al Sadr pedia-lhe mil dólares por mês, “senão matariam os meus filhos, um após outro”, conta em sussurro para que as suas crianças não o escutem.

“Fomos embora dois dias depois desta ameaça e dez dias antes do ataque [à catedral de Bagdad]. Provavelmente estaríamos mortos porque íamos rezar todos os Domingos nessa igreja”, garante Mohanad Najem, cuja prima e seu sobrinho morreram no atentado.

 “Há uma vontade deliberada de destruir a comunidade cristã do Iraque”, por parte dos “fundamentalistas”, afirmou a 10 de Novembro o embaixador da França nas Nações Unidas, Gérard Araud.

O Sínodo para o Médio Oriente, realizado no Vaticano entre 10 e 24 de Outubro, aludiu ao “sofrimento inenarrável da comunidade cristã”, sobretudo no Iraque, mas também no Paquistão.

Com AFP

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