Os novos órgãos centrais da União de Misericórdias Portuguesa (UMP)tomaram ontem posse, para o triénio 2007 – 2009. Manuel Lopes de Lemos, Presidente do Secretariado Nacional, sublinhou nesta ocasião a importância da obra das UMP que remonta ao passado, mas “está atenta ao futuro e aos seus desafios”. Nos desafios perspectivados, Manuel Lemos apontou a necessidade de clarificar a relação das Misericórdias com a Igreja Católica. O novo Presidente acentuou o respeito mútuo e a colaboração e aprofundamento do diálogo com a hierarquia eclesial mas “não pertencemos à hierarquia da Igreja”, sublinhando a organização de leigos que são. Também a Presidente cessante da Mesa da Assembleia Geral referiu que “em Portugal, ao contrário da organização italiana, temos homens e mulheres ligadas à prática cristã nos órgãos dirigentes, mas não são de Igreja”, recordando o estatuto da Misericórdia de Lisboa em 1498. Maria de Belém Roseira referiu que “este é um acto civil, regido por direito público e civil” apontando também que o objectivo das tomadas públicas de posse são “um compromisso com o trabalho de serviço e não para se servirem”. Esta responsável foi homenageada com o diploma de benemérita, pelo trabalho realizado ao longo de dois mandatos. Nas suas palavras iniciais, Manuel Lemos manifestou a necessidade de modernização “ajudando as UMP a enfrentar os próximos anos” nas áreas do o envelhecimento, das crianças e jovens, da deficiência, da saúde e do património. Sobre as relações da UMP com o Estado, Manuel Lemos apelidou-as de “pêndulo que oscila entre a generosidade e o confisco”. Evocou aqui o Pacto de Cooperação Solidariedade celebrado entre o governo e os parceiros sociais que é preciso “efectivar”. Nas relações com as autarquias foi sublinhada a “importância da constituição da rede social no respeito e autonomia dos parceiros”. O Padre Vítor Melícias, agora Presidente da Assembleia Geral da UMP resumiu num “obrigado” o trabalho de 15 anos à frente do Secretariado Nacional, focando “as pessoas que fizeram com que a tomada de posse se realizasse”. Formulou o desejo de que “as Misericórdias continuem a ser instrumento e factor de uma civilização que tanto precisamos”, e que a instituição seja a primeira a lutar pela vida, direitos humanos e verdadeiro humanismo “que tanto precisamos”. Marcaram ainda presença o secretário de Estado da Segurança Social, Pedro Marques, e a Alta Comissária da Saúde, Maria do Céu Machado, em representação do Ministério da Saúde. No final da tomada de posse foi ainda apresentado o quinto volume da obra «Portugaliae Monumenta Misericordiarium», um projecto do Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica.