Umas palavras de uma jovem do Mundo que se diz cristã

Marta Pereira

Sempre fui cristã, católica. Sou-o desde o momento em que os meus pais e padrinhos me integraram na Igreja, pelo batismo. Cresci no seio de uma família que afirma a sua fé domingo a domingo, na Eucaristia. E hoje sou uma jovem cristã, catequista, que tem Deus por Pai e Amigo. Esse Deus Pai e Amigo é o Deus que descobri num percurso catequético e vivo todos os dias na minha vida.

Eu acredito que existe algo mais para além da correria dos dias, dos acontecimentos que sucedem nas rotinas e para além das pessoas que habitam o Mundo. Esse “algo mais” é Deus. Um Deus que um dia se fez Homem, e por amor aos Homens do Mundo viveu uma vida de doação total, até à morte na cruz. É esse o Deus que vive no meu coração, o Deus que me ama e que eu amo. É este Deus que dou a conhecer aos meus meninos da catequese e que vivo em dinâmica de grupo de jovens. É este o Deus que me levou a escolher e a viver uma vida de compromisso no mundo com a Igreja.

Não tenho dúvidas de que é a fé no Deus que vivo no meu dia a dia e que professo que traz a completude à minha vida. Os mandamentos de Deus, que é como quem diz, as leis que tomam o amor como o ideal que deverá estar refletido em cada ação que realizemos, por mais simples que seja, são a base que estrutura a forma como dou o que de melhor sou em cada tarefa que me é solicitada. E é assim que sou mais feliz: vivendo intensamente o dom da vida que um dia me foi oferecido, amando, entregando-me às propostas e desafios que me fazem ansiar ser sempre um melhor ser humano.

Por isso, ir à missa, rezar o terço, ler a Bíblia e serenar na intimidade da oração pessoal são ações cuja ocorrência faz todo o sentido na minha vida. Não sou santa, muito menos beata nem a fé me leva a fanatismos disparatados. Tenho os desejos, medos, expectativas e ansiedades que têm todos os jovens. E aproveito cada momento da minha vida da mesma forma que tantos outros jovens o fazem. Não sou melhor ou pior que os outros por viver a religião católica; sou mais feliz e sinto-me uma pessoa mais rica por ter Deus como o Pai do Céu. Creio em Deus, mas também saio à noite. Rezo todos os dias e gosto muito de conversar com os amigos nas mesas do café. Participo nas atividades que a Igreja me propõe, mas não digo um “não” a uma noite académica.

É assim que me identifico e é assim que ajo consoante aquilo que realmente sou. Sou cristã em casa: colaboro em todas as tarefas que me são solicitadas pela minha família. Sou cristã na minha faculdade e em todos os locais que exigem o rigor da atividade académica: trabalho em cooperação com todos os meus colegas e professores, em ordem a atingir em conjunto o melhor bem comum. Dou o melhor que consigo em cada atividade, e não imponho a minha vontade como sendo a paradigmática, por acreditar em Deus. Sou a mesma jovem cristã em todo e qualquer local onde me encontre. Não recuso estender uma mão a quem realmente dela necessite e ofereço uma palavra amiga a quem precise de um pouco de conforto e se encontre perante um dia difícil.

E a verdade é que este compromisso que assumi na Igreja não me obriga a realizar ações transcendentes e inalcançáveis a todos quantos não acreditam que Deus vive connosco. Faço do ordinário, do corriqueiro o extraordinário e vivo entregando-me inteiramente ao serviço dos outros. Vivo na simplicidade de quem ama viver e sentir-se útil na sociedade dos seus dias.

Sou filha de um Deus celeste, vivo uma vida terrena e luto sempre com todas as minhas forças para alcançar tudo aquilo que me traz a verdadeira felicidade.

Marta Pereira, Aveiro

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