Convite da Cáritas Portuguesa para este Natal
A Cáritas desafiou esta Quinta-feira a população portuguesa a comprar “uma vela por desempregado” para acender na noite de Natal, num momento em que o desemprego ultrapassa recordes, atingindo mais de 600 mil pessoas.
Na apresentação da operação “10 milhões de estrelas – Um gesto pela paz”, que se realiza pelo oitavo ano consecutivo, este responsável admitiu que não sabe se a organização católica terá velas que possam atingir este número, mas assumiu o desafio.
“Vamos acender uma vela por cada desempregado”, referiu no final da apresentação da campanha natalícia, que decorreu na igreja de Prior Velho, Lisboa.
Trata-se de uma iniciativa de angariação de fundos a nível nacional, através da venda de velas pelo preço simbólico de um Euro, cujo resultado final reverte a favor dos mais necessitados.
Das verbas recolhidas, 35% serão especialmente canalizadas para um projecto de apoio à pobreza infantil, em São Tomé e Príncipe, cujo bispo é um português; os restantes 65% serão aplicados, por cada uma das vinte Cáritas Diocesanas, em projectos nacionais.
Perante autoridades políticas e representantes religiosos, Eugénio Fonseca disse que o essencial não é a “venda das velas”, mas o seu simbolismo, como forma de “reencontrar o sentido do Natal” em valores como a justiça, a solidariedade e a paz.
Àqueles que não possam acender a vela símbolo desta campanha, o presidente da organização católica pediu para que “acenda uma outra vela qualquer na noite de Natal” e entregue o seu donativo à Cáritas ou a outra organização de solidariedade, quando não mesmo directamente a “algum vizinho em situação de carência”.
“É possível erradicar a pobreza, basta querer”, apontou.
Bernardino Silva, coordenador nacional da operação, falou desta iniciativa como “uma referência diferente na época de Natal”.
Em 2009, as vendas atingiram as 240 mil velas, número que se espera ultrapassar este ano, sob o lema “uma vela por desempregado”.
Este responsável sublinha que os montantes recolhidos têm uma “aplicação em respostas locais” e que muitas Cáritas diocesanas têm podido, por causa da campanha de Natal, promover uma “resposta eficaz e concreta”.
D. Carlos Azevedo, presidente da Comissão Episcopal de Pastoral Social, pediu “honestidade perante a situação concreta” do país e atenção a “vidas que exigem justiça e caridade”.
“Quem tem uma boa vida tem de se comprometer para que todos tenham uma vida boa”, observou.
As velas estão disponíveis junto das vinte Cáritas diocesanas, em várias paróquias e, este ano, também nas escolas, com autorização da Ministra da Educação.