A forma como o Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social define a «Caritas in Veritate» Com a publicação da encíclica «Caritas in Veritate», Bento XVI oferece-nos um "denso tratado sobre o desenvolvimento de cada pessoa e sobre o desenvolvimento da humanidade na visão cristã" – disse à Agência ECCLESIA D. Carlos Azevedo, bispo auxiliar de Lisboa e presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social. E acrescenta: "Sentimo-nos como que diante de uma grande e bela tapeçaria tecida pelos fios da caridade e da verdade.
Com 79 pontos, a terceira encíclica de Bento XVI aborda "todos os temas actuais da sociedade em vias de globalização" – realça. Ao longo do texto, o Papa convida a um "olhar novo que ultrapasse determinações culturais e históricas em ordem a fazer avançar os processos económicos e sociais para metas plenamente humanas" – disse o prelado.
A «Caritas in Veritate» – publicada hoje (7 de Julho) – é uma encíclica de Doutrina Social da Igreja, das "mais densas de todos os textos, até hoje, publicados". Como reflecte sobre o desenvolvimento integral, "toca vastíssimas dimensões: reforma agrária, ecologia, sindicatos, sociedade civil, segurança, previdência, mobilidade laboral, pesquisa científica, dimensões do terrorismo, respeito pela vida" – sublinhou o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social. E adianta: "uma interdisciplinaridade própria de quem olha para o desenvolvimento numa amplitude de perspectivas".
Este documento é "uma «Populorum Progressio» (1967) adaptada aos tempos actuais" – disse D. Carlos Azevedo. Com a «Caritas in Veritate» "abre-se uma nova fase na Doutrina Social da Igreja". Com grande riqueza teológica e filosófica, a terceira encíclica de Bento XVI será "um ponto de partida para a análise do futuro da humanidade".
Apesar de reconhecer a densidade deste documento pontifício, o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social destaca uma frase da encíclica: "a sociedade cada vez mais globalizada torna-nos vizinhos, mas não nos faz irmãos". A fraternidade – este tema ocupa todo o capítulo terceiro – "só será profunda se tiver em conta a sua raiz, a dimensão transcendente" – refere.
Os novos problemas da sociedade contemporânea exigem "um novo olhar, um novo modelo de desenvolvimento e um novo estilo de vida". E finaliza, tal como Bento XVI refere no número 21 da «Caritas in Veritate»: "o mundo tem necessidade de uma renovação cultural profunda".