Paroquianos do Estoril e autarquia de Cascais ajudam população a enfrentar problemas sociais Um projecto de cidadania e de fé, assim se pode definir a obra que nasceu no Estoril, fruto do desejo da autarquia de Cascais e dos paroquianos de ajudar a população do Bairro novo do Pinhal (conhecido como Bairro do Fim do Mundo) a resolver os problemas sociais existentes.
O complexo «Santuário da Senhora da Boa Nova» está a ser finalizado. Uma obra com três edifícios, nascido no local onde antes existiam barracas, casas com poucas condições de habitabilidade e vários problemas sociais que se multiplicavam em delinquência, tráfico e o consumo de droga. "Um cancro no concelho de Cascais, que tinha influência no todo da comunidade", explica à Agência ECCLESIA o Pe. António Teixeira, pároco do Estoril.
O acordo estabelecido ditava que as casas no bairro seriam demolidas e as pessoas realojadas. Neste processo, a paróquia surgiu como possível responsável pela construção de 42 fogos para as famílias que ficariam desalojadas, num terreno oferecido pela câmara. O projecto chegou a ser feito, mas a autarquia, através de casas que tinha disponíveis, "conseguiu alojar as pessoas que ali viviam", explica o pároco. Os habitantes do bairro foram alojadas ao abrigo do Plano Social de Realojamento da autarquia. No local foi construído o complexo «Santuário da Senhora da Boa Nova».
O complexo conta com três edifícios. Apenas um, a igreja, foi inaugurada. Com capacidade para 1200 lugares sentados, a dedicação decorreu no passado dia 21 de Junho e foi presidida por D. José Policarpo, Cardeal Patriarca de Lisboa.
O centro comunitário, a escola e o auditório entram em funcionamento em Setembro próximo. O centro comunitário, uma Instituição Particular de Solidariedade Social, assegura todas as valências que a população precisa. Creche, jardim de infância, ATL (actividades de tempos livres), apoio domiciliário, centro de dia, lavandaria, refeitório, citando algumas. As listas de espera mostravam que o antigo centro já não tinha capacidade para tantos pedidos de ajuda.
O novo centro comunitário vem pôr fim aos problemas sociais que o bairro conhecia, quer do ponto de vista urbanístico quer também do ponto de vista social. A própria estrutura "logística" vai permitir responder "às solicitações que nos chegam", acrescenta o Pe. António Teixeira.
O projecto inicial compreendia uma escola profissional, com equivalência ao 12º ano, disponibilizando formação em banca, seguros e energias renováveis. Esta seria simultaneamente uma resposta à solicitação do agrupamento escolar do concelho de Cascais mas também uma forma de enquadramento da população juvenil.
Programa e professores estavam já assegurados, no entanto o acordo com o Ministério da Educação não chegou ao fim "atempadamente", deitando por terra este projecto. Com todo o material disponível, o objectivo virou-se para uma escola de primeiro e segundo ciclo. A concretização da escola profissional não está colocado de parte. O Ministério da Educação mostra-se favorável, havendo ainda a possibilidade de "ou se construir uma valência contígua ao actual edifício, ou a escola profissional funcionar em regime pós-laboral".
Enquanto a formação profissional não avança, em Setembro começam as aulas no novo Colégio Senhora Boa Nova, uma escola privada "sem qualquer apoio estatal". O Pe. António refere a aposta no "ensino personalizado", daí o objectivo de "ter apenas uma turma por cada ano", do 1º ao 6º ano.
Numa altura de crescente desemprego, a escola vai empregar cerca de 150 pessoas.
O complexo conta ainda com um auditório, o "maior do concelho, que estará disponível para todas as actividades culturais ou religiosas" e um estacionamento para 200 automóveis, num local de difícil parqueamento.
O Pe. António Teixeira assegura que "nunca se pensou fazer deste espaço um local apenas religioso". O sacerdote acrescenta que a igreja "não se limita ao culto, mas estende-se a todas as dimensões da pessoa humana".
Esta solução urbanística tem "uma grande marca da comunidade paroquial", solução que se estende à "erradicação dos problemas sociais. O nosso orgulho não existe pela existência de uma nova igreja, mas porque conseguimos erradicar o bairro do Fim do Mundo".