Eugénio da Fonseca exige «vontade política e ética» para que a pobreza não seja vista como uma fatalidade A pobreza “não é uma fatalidade” e para a sua erradicação “basta vontade política e ética” – sublinhou Eugénio Fonseca, Presidente da Cáritas Portuguesa, no último dia de trabalhos do I Congresso Nacional da Pastoral Social que decorreu em Fátima, de 9 a 11 de Setembro. Na sua conferência sobre «Erradicar a pobreza um desafio à Missão da Igreja», Eugénio da Fonseca realça que para além da escassez dos recursos económicos existem outras causas como “o mercado de trabalho, a saúde física e mental, a educação, a formação académica e profissional, a habitação e as relações sociais”. Ao discursar no I Congresso da Pastoral Social, que reuniu cerca de 300 pessoas, o responsável da Cáritas Portuguesa sustentou que o primeiro passo para erradicar a pobreza passa por fazer “a opção preferencialmente, pelos pobres” e desafiou a Igreja a dar mais apoio. “Também a Igreja não pode, quando estabelece as suas prioridades, deixar de partilhar mais os seus recursos materiais com os que menos têm” – disse Por outro lado, Eugénio da Fonseca referiu que “a acção social e caritativa não pode ser vivida como uma acção periférica e, muito menos, como uma acção optativa no conjunto das actividades pastorais”. Nesta iniciativa, subordinada ao tema «Intervir na Sociedade, Hoje! Memória e Projecto», o conferencista alertou que a assistência, em formas de ajudas materiais, é necessária e não se deve renunciar a ela, mas não pode ser o fim da acção social da Igreja”. Já a presidente da Comissão Nacional de Justiça e Paz (CNJP), Manuela Silva, disse acreditar que “terá aumentado o grau de consciencialização colectiva acerca da pobreza do nosso país, pelo menos relativamente às suas expressões mais gravosas”. Manuela Silva lamenta que “continuarmos presos a preconceitos desresponsabilizantes quanto às causas da pobreza e, consequentemente, surdos e mudos em relação à necessidade de as remover, agindo sobre as estruturas e debilidades do sistema que as geram e tendem a perpetuar”. Neste contexto, Eugénio da Fonseca defendeu que é “necessário alterar uma série de aspectos” da acção pastoral da igreja, defendendo que se deve “passar de uma acção assistencialista, duvidosamente regeneradora, para uma acção integrada e integral”. Manuela Silva defendeu que perante a aceitação por parte da Assembleia da República de que a pobreza é uma violação dos direitos humanos é “necessário criar mecanismos estaduais e autárquicos de prevenção e erradicação da pobreza que sejam eficientes e que permitam assegurar, de facto, o respeito por aqueles direitos e obrigações”. A presidente da CNJP admitiu mesmo a criação de uma provedoria de direitos dos pobres, trabalho a ser desenvolvido pelas instituições de solidariedade social.