Uma presença real no espaço virtual

Director do «Mensageiro Notícias» aponta Internet como «vitrina dos organismos católicos, mas sem explorar potencialidades» Nos meios eclesiásticos a Internet é vista, sobretudo, como um repositório de uma imensidão de informação que podemos utilizar para a evangelização e como mais um meio pelo qual podemos divulgar as nossas iniciativas e instituições. Olha-se para este novíssimo meio de comunicação como uma oportunidade para a Igreja, ainda que envolto em muitos riscos. Utiliza-se como vitrina dos organismos católicos, mas não se exploram as principais potencialidades que a Internet veio trazer ao mundo da comunicação e das relações entre as pessoas. A Internet veio possibilitar a comunicação entre as pessoas de forma directa, imediata, interactiva e participativa, como muito bem definiu o documento “Igreja e Internet”, do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais da Santa Sé, no seu número 6. Todas as Dioceses de Portugal têm a sua página na Internet, mas muitas ainda não captaram essas características da comunicação na rede. Portanto, a maioria estão mortas, porque uma página que não é actualizada frequentemente, não é visitada porque não tem qualquer actualidade. Muitas delas, pela má imagem que dão da instituição, deviam ser retiradas da rede. Mas não é só este o problema que afecta a presença eclesial na rede em Portugal. Ainda dentro do exemplo das páginas das dioceses, a interactividade e a participação dos internautas reduz-se à possibilidade de enviar um e-mail, ou de contactar os responsáveis das páginas, nos sítios que o permitem, porque nem todos o permitem. Mas é sempre uma comunicação assíncrona, ou seja, não imediata e interactiva. Existem na rede outros serviços, mais imediatos e em tempo real, que habitualmente os sítios da Igreja em Portugal não têm sabido explorar, como por exemplo os chats. Para tirar partido desses serviços ainda há um longo caminho a percorrer em Portugal. É preciso encontrar voluntários para prestar esse serviço e disponibilizar sacerdotes e recursos para formar essas pessoas e prepará-las para estarem on-line, disponíveis para escutar e responder a tantas questões, para as quais os internautas, sobretudo os mais jovens, não encontram repostas cabais e satisfatórias. Em Portugal, não conheço nenhuma experiência de presença dessas em chats promovida pela Igreja Católica, mas existem excelentes exemplos em outros países. Em Itália, há uma associação denominada “Ponto Jovem”, na diocese de Rimini, que tem um serviço de Chat em que sacerdotes e leigos se disponibilizam, todas as noites, de segunda a quinta-feira, para escutar as preocupações dos mais novos e tentam responder às suas dúvidas e inquietações, num ambiente, em que todos se sintam acolhidos e ajudados nas suas dificuldades. Pode parecer um desperdício de recursos e de sacerdotes, quando há tantas comunidades sem pároco, mas permite à Igreja entrar em diálogo com os mais novos, que tão pouco vão às nossas igrejas, mas são os que mais frequentam a Internet. A presença na Rede devia ser uma, entre outras, das maiores preocupações da pastoral juvenil das dioceses, que poderia trazer novos membros às suas comunidades e movimentos, bem como, novas vocações sacerdotais e religiosas. Nas experiências desenvolvidas noutros países, são esses os resultados mais positivos da presença nos chats. Graças ao trabalho desenvolvido no “Ponto Jovem” já vários jovens abraçaram uma vida de consagração. Saibamos aprender com os bons exemplos, não tenhamos medo de nos fazermos ao largo no mar do ciberespaço e utilizemos a Internet como novo areópago da Evangelização. Calado Rodrigues Director do Mensageiro Notícias

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Agência ECCLESIA

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