Uma história exemplar

Coragem dos Cristãos Ocultos do Japão recordada em Oeiras

Foto: Fundaçao AIS

Os “Kakure Kirishitan”, os Cristãos Ocultos do Japão, cuja coragem e fidelidade permitiu que a fé permanecesse viva, embora na clandestinidade, durante mais de dois séculos, foi tema de uma exposição que esteve patente ao público na Igreja de Nova Oeiras, no Patriarcado de Lisboa. Para o Padre Nuno Westwood, a história do Cristianismo na Terra do Sol Nascente evoca o sofrimento de milhões de fiéis nos dias de hoje em muitos países do mundo e ajuda a perceber a importância da missão da Fundação AIS.

Os Portugueses chegaram ao Japão em 1543 e, seis anos mais tarde, os Japoneses descobririam o Cristianismo, quando os primeiros jesuítas aportaram a terras do Sol Nascente. Começava assim uma história que teve momentos terríveis quando, em 1614, a religião cristã foi banida, os missionários expulsos e os fiéis forçados a terem de escolher entre o martírio ou a vivência clandestina da fé.  Foi nesse ambiente de perseguição que nasceram os “Kakure Kirishitan”, os Cristãos Ocultos do Japão, cuja coragem e fidelidade permitiu que a fé permanecesse viva durante mais de dois séculos, disfarçando imagens, rezando orações que iam apenas sendo sussurradas durante gerações, celebrando inclusivamente os baptismos mesmo sem sacerdotes.  O filme “Silêncio”, de Martin Scorsese, evoca essa memória de perseguição religiosa no Japão que permanece, apesar de tudo, relativamente desconhecida no Ocidente.

Lembrar os cristãos perseguidos hoje

A evocação desses anos de violência e bravura esteve patente numa exposição na Igreja de Nova Oeiras. Uma exposição que foi, acima de tudo, uma interpelação aos Cristãos de hoje. De facto, à semelhança do que aconteceu no Japão, em muitos países, milhões de cristãos testemunham também hoje uma coragem e fidelidade que só se compreendem à luz de uma fé muito profunda. O Padre de Nova Oeiras, Nuno Westwood, sublinha essa coragem e recorda à Fundação AIS que a perseguição religiosa ocorre no Médio Oriente, em África e na Ásia. Em todas estas regiões, “há comunidades inteiras que sofrem discriminação, violência e morte apenas por professarem a sua fé. Muitos deles, como os ‘Kirishitan’, são forçados à clandestinidade, privados dos sacramentos e dos espaços de culto”, afirma o sacerdote.

O papel da Fundação AIS

A exposição sobre os Cristãos Ocultos do Japão levou também a olhar para o trabalho e a missão da Fundação AIS e a compreender melhor, diz o Padre Westwood, a sua importância. “É neste contexto que a Fundação AIS desempenha um papel fundamental”, diz o sacerdote, acrescentando: “Através de projectos de apoio a comunidades perseguidas, esta Fundação não só garante ajuda material e pastoral, mas também dá voz a quem, de outra forma, seria silenciado. Constrói igrejas, forma sacerdotes, oferece apoio às vítimas da perseguição religiosa e leva a esperança a locais onde o nome de Cristo é um risco de vida”, conclui o Padre Nuno Westwood, da Igreja de Nova Oeiras, no Patriarcado de Lisboa.

Paulo Aido

(Os artigos de opinião publicados na secção ‘Opinião’ e ‘Rubricas’ do portal da Agência Ecclesia são da responsabilidade de quem os assina e vinculam apenas os seus autores.)

Partilhar:
Scroll to Top