Leonor João, Agência Ecclesia
Se é utilizador das redes sociais ou esteve com atenção aos mupis nas ruas da sua cidade, deve suspeitar a razão pela qual hoje lhe falo de uma conhecida marca de imobiliário.
Na semana passada, a IKEA lançou uma campanha publicitária que não deixou ninguém indiferente, tornando-se objeto de falatório. O debate instalou-se nas redes sociais e levou muitas outras marcas a ‘surfarem a onda’ do anúncio da multinacional sueca, que visa um caso polémico da política portuguesa.
Mas se tudo isto lhe passou ao lado, eu dou uma ajuda. “Boa para guardar livros ou 75. 800 euros” foi esta a frase, acompanhada por uma imagem de uma estante, que se tornou viral e que muitos consideraram ser uma tirada ‘genial’, elogiando a coragem da marca. Se bem se recorda, o número refere-se à quantia encontrada no escritório de Vítor Escária, chefe de gabinete do primeiro-ministro, em novembro passado, aludindo à operação Influencer que esteve na origem da demissão de António Costa e da queda do Governo.
A empresa serviu-se do contexto da sociedade e do humor para anunciar uma baixa de preços. “A nossa geringonça contra o frio” (manta), “Puxamos o tapete à inflação” (tapete), “Para se aquecerem sozinhos ou coligados”(edredão) são outros dos cartazes da campanha que brinca com a atualidade.
Em tempos estranhos e de incerteza, o humor surge como uma lufada de ar fresco, que nos empurra para um lugar menos sombrio e assustador e nos leva a olhar o mundo com esperança. A verdade é que este ano volta a ser decisivo nos desígnios do país. Portugal vai a eleições, primeiro nos Açores (eleições legislativas regionais a 4 de fevereiro), depois no continente (eleições legislativas a 10 de março) e ainda na Europa (eleição dos deputados do Parlamento Europeu a 9 de junho)
O bispo de Angra apela à opção por “projetos concretos” e não ao voto por “raiva ou desilusão”.
“São precisos projetos sérios nas sociedades contemporâneas e a sociedade açoriana, em particular, não dispensa projetos realistas e criativos, que devolvam esperança; que coloquem as pessoas no centro, que garantam o respeito pela dignidade e inviolabilidade do direito à Vida, que facilitem o acesso à habitação, a um trabalho digno e justamente remunerado, em que a família seja respeitada, as crianças e os jovens possam confiar no futuro e os idosos não sejam descartados”, disse D. Armando Esteves numa mensagem.
Também nas mensagens de Natal e Ano Novo do ano passado, os bispos portugueses fizeram referência ao momento determinante que se encontra à porta.
“As eleições que se aproximam exigem propostas assertivas e conteúdos programáticos compreensíveis para que se possa, a nível nacional, discutir projetos e apresentar soluções. Só assim os cidadãos podem ser levados a optar pela adesão a projetos concretos e não a votar pela raiva ou desilusão ou, pior ainda, a não votar”, afirmou o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Ornelas.
O que o futuro nos reserva? Está nas mãos de cada um decidir que caminhos o país deve seguir e não deixar que outros escolham.
“O que mais me preocupa é a abstenção, e tenho repetido muitas vezes: um cristão não se abstém. Pode cometer erros, mas abster-se é que não” – D. José Ornelas