Uma beata que sofreu oposições políticas

Cresceu num ambiente familiar profundamente cristão e piedoso o que “suscitou nela o desejo de imitar os santos penitentes”. Desde a infância manifestou “especial devoção a Jesus na Eucaristia, a Nossa Senhora e S. José” – foi assim que o administrador apostólico de Viseu, D. António Marto, descreveu a nova beata da Igreja, Madre Rita de Jesus. Procurou constantemente “a conversão dos costumes” e foi notável a sua acção “na libertação da mulher – com a colaboração da sua família – da chaga da social da prostituição” – realçou o prelado. Mesmo com ameaças não esmoreceu e aos 29 anos, em 1877, conseguiu entrar no convento das Irmãs da Caridade, na cidade do Porto. Descobriu, posteriormente, que o seu destino passava pela” educação das crianças pobres e abandonadas para as livrar da miséria e do perigo da corrupção” – sublinhou D. António Marto, no início da Eucaristia. Vencendo “enormes oposições de ordem política e grandes dificuldades económicas”, a 24 de Setembro de 1880 fundou, em Gumiei, um colégio frequentado por 50 meninas que “seria a base do Instituto das Irmãs de Jesus, Maria e José”. Como não tinha grandes frutos monetários recorreu, muitas vezes, ao peditório nas aldeias vizinhas. Foi chamada com frequência às autoridades civis “que pretendiam a todo o custo sufocar a obra” – descreveu. Depois de várias diligências, Madre Rita consegue a aprovação, por Leão XIII, canónica do Instituto a 10 de Maio de 1902. Com a implantação da República em 1910, Madre Rita teve de refugiar-se na sua terra Natal (Ribafeita) e posteriormente conseguiu enviar algumas irmãs para o Brasil, onde continuaram o carisma da fundadora. Desgastada por “tantas tribulações”, Madre Rita faleceu a 6 de Janeiro de 1913. Hoje, através do rito de Beatificação, “esta mulher do povo, cheia de intimidade com Deus e que foi uma mulher profética” passa a ter honras nos altares.

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