Um Sínodo para a África

A II Assembleia especial para a África do Sínodo dos Bispos esteve no centro da primeira parte da viagem que Bento XVI fez a este continente, na sua passagem pelos Camarões. Etimologicamente, a palavra “sínodo” deriva dos termos gregos “syn” (que significa com, em conjunto) e “odos” (que significa caminho), expressando a ideia de caminhar juntos. O Sínodo dos Bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de Bispos que representa o episcopado de todo o mundo e tem como tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja, com o seu conselho, para procurar soluções pastorais que tenham validade e aplicação universal. 40 anos depois da sua criação, por Paulo VI (15.09.1965), a experiência sinodal teve já 12 assembleias gerais ordinárias (com Bispos de todo o mundo), a que se juntam duas assembleias extraordinárias e oito especiais, todas estas últimas com João Paulo II: para a Holanda (1980) e o Líbano (1995); para a Europa (1991 e 1999), Oceânia (1998), Ásia (1998), América (1997) e África (1994). A finalidade de cada assembleia sinodal é a de viver uma experiência de cole-gialidade entre o episcopado e o Papa. Este, ao aceitar as sugestões ou conclusões de determinada assembleia, permite que o episcopado exerça uma actividade colegial que se aproxima, sem coincidir, com a de um Concílio Ecuménico. Há um longo caminho desde a preparação à celebração da Assembleia Sinodal: orações, trocas de informação, partilha relativas às situações eclesiais, culturais, sociais e políticas, reflexões aprofunda-das sobre cada um dos temas. João Paulo II manifestara a 13 de Novembro de 2004 a sua intenção de convocar uma Segunda Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos. Bento XVI confirmou o projecto do seu predecessor, comunicando a sua decisão a 22 de Junho de 2005, na presença do Conselho Especial para a África da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos. O Sínodo terá lugar de 4 a 25 de Outubro de 2009, sobre o tema “A Igreja em África ao serviço da reconciliação, da justiça e da paz. “Vós sois o sal da terra … Vós sois a luz do mundo” (Mt 5, 13.14)”. O Conselho Especial para África da Secretaria-geral do Sínodo dos Bispos preparou, num primeiro momento, o texto dos “Lineamenta” sobre o tema sinodal, publicado no dia 27 de Junho de 2006. De seguida, o mesmo Conselho redigiu o “Instrumentum laboris”, documento de trabalho deste “sínodo africano”, com a síntese das respostas solicitadas a 36 Conferências Episcopais e 2 Igrejas Orientais Católicas presentes no continente africano, como também de 25 Dicastérios da Cúria Romana e da União de Superiores Gerais, às quais se juntaram as reflexões de vários institutos eclesiais e de fieis, empenhados na evangelização e na promoção humana no continente africano. De acordo com o seu objectivo, este documento de trabalho visa estimular a reflexão, suscitar a discussão, acompanhar e sustentar o discernimento colegial dos Pastores reunidos em Assembleia sino-dal, em comunhão com o Bispo de Roma -Bento XVI – segundo a antiga tradição eclesial africana outrora defendida por São Cipriano, bispo de Cartago, “na escuta do Espírito Santo e da Palavra de Deus”. Para favorecer a prossecução deste objectivo, o “Instrumentum laboris” organiza a matéria em quatro capítulos: o primeiro começa por apresentar uma breve panorâmica sobre a situação actual nas sociedades africanas, relativamente à época da Primeira Assembleia Especial para a África (1994). De seguida, avalia a recepção da Exortação Apóstolica Pós-sinodal “Ecclesia in África” e, por fim, analisa o conteúdo teológico do tema da segunda Assembleia. No segundo capítulo, faz-se a recensão das “perspectivas” e sobretudo dos “obstáculos” com que se deparam a sociedade e a Igreja no caminho da reconciliação, da justiça e da paz, na tripla dimensão sociopolítica, socioeconómica e sociocultural e na experiência eclesial. O terceiro capítulo reagrupa os elementos que caracterizam a Igreja Família de Deus no seu desejo de servir como força operante nas vias da reconciliação, da justiça e da paz. Por fim, o quarto capítulo constata o que a Igreja, através dos seus membros e das suas instituições, colocou já em acção para se instaurar a reconciliação, a justiça e a paz em África.

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top