Paulo Rocha, Agência ECCLESIA
Fátima não se diz pela multidão, mas pela história de cada pessoa, de cada peregrino. E muitas circunstâncias o comprovam, como as reações marcantes quando se fixa um rosto, mais do que nas ocasiões de olhar global sobre muita gente, a fotografia de um instante, de um pormenor, e não tanto a que regista um aglomerado de situações, e as velas, cada vela.
O mar de luz que flutua no recinto da Cova da Iria é sem dúvida único. Ainda mais a oscilação da chama de cada vela, aparentemente moldada pelas emoções de quem a sustenta, pelas memórias de que é reflexo e pelos desejos de que quer ser baluarte.
Particularizar o que acontece em Fátima significa dar o protagonismo de todos os capítulos de uma história com um século a cada pessoa que peregrina até ao Santuário, até à Capelinha das Aparições: lugar simbólico e ambiente irrepetível para a proximidade entre o divino e o humano; terra de chegada para mulheres e homens que partem de muitas latitudes e procuram um regaço; um espaço e um tempo que reserva energia e luz para todos, para as mulheres e os homens que rezam, permanecem em silêncios e no altar do mundo colocam pedidos, angústias, graças… Sempre com a determinação de mudança, do bem e do belo na vida pessoal e daqueles com acontece o quotidiano.
A celebração do centenário das Aparições em Fátima foi uma ocasião para pensar demoradamente sobre o acontecimento, congregar projetos de estudo, criar novas expressões culturais, novos formatos e linguagens surpreendentes para falar de um acontecimento com 100 anos. Ao longo de cada tempo, o contexto da receção da mensagem determinou acentuações temáticas, formas de abordagem e rituais com diferentes acentuações litúrgicas que rapidamente contagiaram grupos, comunidades.
Em todos os tempos e lugares, no entanto, a pessoa está no centro. E em Fátima a pessoa é peregrino, desde a primeira hora e durante um século de histórias.
Acontecimento popular desde 1917, Fátima continua a contar-se pela narrativa de cada peregrino, seja qual for o seu perfil ou condição. Todos são igualmente importantes e a todos a mensagem tem de chegar. O resto são sempre adereços.