Um rosto cristão para a cidade

Bento XVI falou de um novo ideal de cidade, inspirado no modelo da Igreja primitiva, com mais atenção aos pobres Bento XVI defendeu hoje a necessidade de “dar uma alma e um rosto cristão” às cidades dos nossos dias. Falando aos cerca de 20 mil peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, para a audiência geral desta semana, o Papa continuou a catequese sobre São João Crisóstomo, Padre da Igreja que “propôs um novo ideal de cidade, inspirado no modelo da Igreja primitiva”. Essa “utopia social”, quase uma cidade ideal, pretendia, segundo Bento XVI, “dar um alma e um rosto cristão à cidade, enfrentando os principais aspectos da sua vida, em especial as relações entre ricos e pobres, com uma inédita e sentida solidariedade”. O Papa apresentou o Santo do século IV como um exemplo para quem tem de governar as cidades, frisando que o modelo cristão não contempla “nem escravos bem pobres”, ao contrário do modelo de cidadania da polis grega. João Crisóstomo foi apresentado como “um dos pais da Doutrina Social da Igreja” e a sua figura recordada pela austeridade com que viveu, “um exemplo para todos”. O Bispo de Constantinopla destacou-se pela sua atenção para com os pobres e criou vários instituições de caridade. Bento XVI lembrou ainda que este Padre da Igreja “não hesitou em falar contra a corrupção e as práticas pagãs”, mesmo quando isso lhe custou o exílio. Na parte final da audiência, o Papa falou aos peregrinos de língua portuguesa: “Possa a vossa vinda a Roma cumprir-se nas vestes de um verdadeiro peregrino que, sabendo de não possuir ainda o seu Bem maior, põe-se a caminho decidido a encontrá-Lo”. “Sabei que Deus Se deixa encontrar por quantos assim o procuram e, com Ele e nele, a vossa vida não poderá deixar de ser feliz”, concluiu. João Crisóstomo nasceu em Antioquia, cerca do ano 349. Depois de ter recebido uma excelente educação, dedicou-se à vida ascética. Tendo sido ordenado sacerdote, consagrou-se ao ministério da pregação. A sua notável diligência e competência na arte de falar e escrever, para expor a doutrina católica e formar os fiéis na vida cristã, mereceu-lhe o apelativo de Crisóstomo, «boca de ouro». Eleito bispo de Constantinopla no ano 397, revelou grande zelo e competência nesse cargo pastoral, atendendo em particular à reforma dos costumes, tanto do clero como dos fiéis. A oposição da corte imperial e de outros inimigos pessoais levou-o por duas vezes ao exílio. Morreu em Comana (Ponto, Ásia Menor) no dia 14 de Setembro do ano 407.

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