Paulo Rocha, Agência Ecclesia
A Igreja Católica assinala este domingo o Dia Mundial das Comunicações Sociais. Um conjunto de iniciativas a nível mundial coloca o tema da comunicação nas redes digitais nas prioridades das comunidades eclesiais e nas estruturas que, em cada país, coordenam esse setor da pastoral.
Na Mensagem do Papa para este dia, a expressão “ambiente digital” é escrita 7 vezes. Não fosse todo o documento sobre esse contexto, que o Papa também chama “nova ágora” e “praça pública e aberta”, a insistência nas palavras chegaria para que se considerasse evidente o facto de, hoje, a vida de cada pessoa, dos grupos e dos povos acontecer num novo ambiente.
Rejeitar a perspetiva instrumental na abordagem dos meios de comunicação social é, por isso, uma urgência em toda a comunicação institucional, também na que a Igreja Católica procura fazer.
Em 1992, um artigo da revista Communio, afirmava a necessidade de rejeitar esta visão no uso dos meios de comunicação social na Igreja. Escrevia o cónego António Rego nessa ocasião, num dos artigos do número dedicado ao tema da comunicação social, que os media na Igreja não podem ser considerados como carrinhas “para transportar bíblias ou folhas paroquiais e espalhá-las aos quatro ventos”.
A expressividade da comparação dita a mudança de atitudes que é preciso consolidar. Já tem décadas essa intenção, recorrentemente afirmada pelos promotores da comunicação na Igreja Católica e sobretudo nos documentos onde se fixam princípios para esse setor da pastoral, como o são as mensagens do Papa para o Dia Mundial das Comunicações Sociais.
Comentando a deste ano, Antonio Spadaro, diretor da revista “La Civiltà Cattolica”, diz que enquanto se raciocinar em termos instrumentais “não se compreenderá absolutamente nada sobre a rede e o seu significado”. “A Rede não é um instrumento mas um ambiente.
O espaço digital não é inautêntico, alienado, falso ou aparente, antes pelo contrário é uma extensão do nosso espaço vital do quotidiano, que exige responsabilidade e dedicação ou entrega à verdade”, refere o padre jesuíta (citado em www.imissio.net).
A eficácia da comunicação depende, por isso, do ambiente em que nos situamos. Não está prioritariamente indexada a meios ou recursos. São os manuais de comunicação que o sugerem: não os das escolas universitárias, mas os que são publicados por uma instituição, a Igreja Católica. E normalmente antecipando tendências comunicacionais. Mas é necessário estar nesse ambiente, deixar por lá uma impressão, a digital…
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