A ideia vem da Inglaterra e choca pelo realismo: o pároco de East Anglia substituiu a habitual representação ao vivo do presépio por um muro de betão, como forma de protesto contra o “Muro de Segurança” na Cisjordânia, que rodeia a cidade de Belém. Manifestando a sua solidariedade para com a comunidade cristã do local onde, segundo os Evangelhos, nasceu Jesus, os fiéis da igreja católica do Coração de Jesus de St-Ives (Condado de Cambridge) renunciaram à imagem tradicional dos carneiros, do boi e do burro, com actores a representarem as figuras bíblicas. Em vez disso, os habituais visitantes irão ser confrontados com um espectáculo bem mais cruel, o do isolamento dos territórios palestinianos. Neste momento, uma em cada cinco crianças palestinianas tem anemia crónica e a ONU já comparou o risco de desnutrição na Terra Santa ao do Congo ou Zimbabwe. Um enviado especial de Bento XVI encontra-se, por estes dias, na terra natal de Jesus, para testemunhar a proximidade espiritual” do Papa às comunidades cristãs, nesta altura especial do ano, levando também um donativo de mais de um milhão de Euros. O Arcebispo Paul Josef Cordes, presidente do Conselho Pontifício “Cor Unum”, estará na região de 13 a 19 de Dezembro. A Santa Sé lembrou, em comunicado, as “dificuldades e adversidades” que sentem os cristãos da Terra Santa no seu dia-a-dia. Quarta-feira, em encontro com o primeiro-ministro israelita Ehud Olmert, Bento XVI manifestou a sua preocupação em relação “às próximas celebrações natalícias” na Terra Santa. Pelo sétimo ano consecutivo, as celebrações de Natal terão lugar num clima difícil para todos os habitantes da Terra Santa. Belém pode potencialmente ficar mais isolada devido ao “Muro de Segurança” da Cisjordânia, o qual separa literalmente a sua população das outras localidades. A cidade é considerada como “uma grande prisão” e o número de turistas e peregrinos tem-se reduzido de forma significativa, muito por força das dificuldades em aceder ao local criadas pelos israelitas. (Com APIC)