Um milhão de euros para Sri Lanka e Índia

Cáritas Portuguesa prossegue ajuda humanitária a países atingidos pelo tsunami de 2004

A Cáritas Portuguesa vai investir cerca de milhão de euros em projectos no Sudeste asiático, verba que se destina a projectos de desenvolvimento e integra a segunda fase da ajuda humanitária que a organização católica desencadeou para auxiliar os países atingidos pelo tsunami de 2004, que tirou a vida a 230 mil pessoas.

Tailândia, Indonésia, Sri Lanka e Índia foram os países que a Cáritas Portuguesa auxiliou através da campanha «Cáritas Ajuda as vítimas do Sudeste Asiático» que até Março de 2005, angariou quatro milhões e novecentos mil euros.

Recentemente uma delegação da Cáritas Portuguesa visitou a Índia e o Sri Lanka para avaliar os projectos desenvolvidos e João Pereira, técnico no departamento de cooperação internacional e emergências da Cáritas Portuguesa, dá conta à Agência ECCLESIA que a ajuda a estes países vai continuar.

A situação de guerra civil dificultou a concretização de respostas no Sri Lanka. Findo o conflito em Maio de 2009, as organizações internacionais têm o caminho aberto para ajudar as populações. Assim, a Cáritas Portuguesa vai ainda canalizar cerca de 650 mil euros para a construção de habitações e formação profissional neste país.

Segundo João Pereira vão ser construídas 88 casas. As verbas angariadas destinam-se ainda a adquirir 80 barcos para criação ou continuação de emprego, e ainda o financiamento de 182 actividades de formação profissional, nomeadamente em microcrédito. 

Em Julho de 2011 a Cáritas Portuguesa perspectiva nova deslocação ao Sri Lanka para avaliar os projectos desenvolvidos ao longo deste ano.

Na Índia, “as respostas estão mais aceleradas”. No entanto, a Cáritas Portuguesa perspectiva ainda o investimento de 234 mil euros, ao longo dos próximos três anos, beneficiando cerca de 18 mil pessoas, distribuídas por três locais – Chennai, capital do estado de Tamil Nadu, Chengalpattu, diocese no mesmo Estado e Pondicherry.

Neste país asiático, os projectos incidem sobre a prevenção do risco e capacitação das comunidades para situações futuras.

Em Pondidherry, por exemplo, a Cáritas local desenvolveu um sistema de vigilância da costa, que possibilita identificar e informar sobre o estado do mar e as condições climatéricas. São casos como este que a Cáritas Portuguesa quer potenciar através da formação e desenvolvimento de “metodologias participativas para que as populações possam identificar respostas locais e desenvolver a sua própria ajuda”. 

Segundo o técnico da Cáritas Portuguesa, a Índia tem “muita experiência a lidar com desastres naturais e muitas pessoas formadas para o efeito”. Assim, o investimento em lideranças locais é prioritária, com excepção de “quando nos é pedido especificamente que enviemos alguém”.

A indicação dos parceiros locais para a ajuda é fundamental, afirma João Pereira. “Não são organizações internacionais que chegam de fora, mas organizações que estão próximas das populações, identificam rapidamente as necessidades e onde se deve investir”.

Passados quase seis anos sobre o tsunami que atingiu os países do Sudeste asiático, João Pereira nota “demora nas respostas governamentais”.

O melhoramento nas vias de acesso, o saneamento e recolha de águas das chuvas são algumas situações que não estão ainda resolvidas e que dificultam a ajuda de organizações não governamentais – ONG.

No entanto, assinala, quem visita estes locais percebe uma “resposta rápida da comunidade internacional, nomeadamente de ONG’s”.

Na primeira fase onde essencialmente se procura uma ajuda de emergência, cujas respostas podem durar até seis meses, nota-se “uma invasão” de organizações e entidades governamentais. “Na fase de reabilitação e desenvolvimento a ajuda escasseia”, indica João Pereira.

O técnico português salienta ainda que as populações “apesar de vincadas pela tragédia” perceberam “uma oportunidade para reorientarem a sua vida”.

João Pereira recorda muitas pessoas que “melhoraram as suas condições”, nomeadamente na sua habitação ou criação de posto de trabalho.

Mas estas são pessoas que habitam na costa do Sudeste asiático. “Quem vive no interior continua a passar pelas mesmas dificuldades”, salienta o técnico de cooperação internacional, indicando ainda “muitas situações de pobreza entre pessoas que não vão poder beneficiar de ajuda internacional”.

A ligação da Cáritas Portuguesa às congéneres locais permite o desenvolvimento de programas que beneficiem a população geral.

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