Um dia na vida de quatro seminaristas

Assinalando a celebração da semana dos seminários em Portugal, a Agência ECCLESIA foi ao encontro 4 seminaristas da diocese de Aveiro, para perceber o que, é afinal, fazer um percurso de preparação para o sacerdócio.

Normalmente levantam-se às 06h30. A oração (Laudes, Eucaristia e Vésperas) e o estudo ocupam grande parte do dia destes seminaristas. Para além destas actividades, o lado lúdico também ajuda a discernir a vocação. “Temos o dia do desporto, actividades na quinta e na biblioteca”, frisa Vítor Cardoso.

A leitura dos jornais diários também faz parte da rotina. Pedro Barros sublinha que, às vezes, faz “um esforço para ir tomar um café fora ou apanhar um bocadinho de ar”. Como estão há pouco tempo em Lisboa (cerca de um mês), os seminaristas de Aveiro ainda estão a conhecer a realidade que os circunda. “Ainda tenho poucos amigos em Lisboa” – disse o licenciado em Tecnologias de Informação e Comunicação.

A dar os primeiros passos no Seminário dos Olivais (Lisboa), Leonel Abrantes garante que “não há um lobby de Aveiro, antes pelo contrário”. “Integrámo-nos muito bem e fomos muito bem acolhidos”. A maior proximidade com os colegas de curso é normal porque “passamos mais tempo juntos”.

Sem tempos mortos, os seminaristas fazem a sua gestão do dia. Só assim conseguem ver um filme ou ouvir música. “Temos acesso àquilo que qualquer jovem tem” – afirma o Leonel.

Advento ou Outono vocacional?

Apesar das condições, a juventude de hoje não ouve o chamamento. “Há muito ruído à volta” e “o secundário, muitas vezes, é trazido para a frente” – lamenta o seminarista de Santa Eulália de Aguada de Cima. Esse ruído não permite “que os jovens ouçam”.

Reconhecendo que muitos jovens preferem um bom ordenado ou um bom carro, Leonel Abrantes questiona: “Mas será que se sentem verdadeiramente preenchidos?”.

Perante a tão propalada crise de vocações, os tempos que correm são de Advento ou Outono vocacional? João Santos hesita na resposta e confessa que “esta pergunta é muito difícil de responder”. “Deverá fazer essa pergunta a Deus e não a mim” – afirmou, no meio de uma gargalhada geral.

Com ar mais sério, o engenheiro do ambiente explica que os “compromissos para a vida tomam-se cada vez mais tarde”. Não é de estranhar que a entrada para os seminários seja cada vez mais tarde. “Actualmente, aqueles que se aproximam do seminário vêm com uma decisão mais firme do que, provavelmente, há trinta anos atrás”.

Com uma juventude “bem vivida”, Vítor Cardoso confidenciou que, antes de tomar a decisão de entrar no Seminário, “ia aos bailes” e fazia uma vida normal como os outros jovens. Àqueles que estão na dúvida em dar o passo em frente, Vítor Cardoso aconselha para que “pensem bem porque nunca é tarde”.

Aos jovens indecisos, Pedro Barros pede para que dediquem “um tempo ao silêncio e verifiquem por onde pautam a sua vida”. A descoberta “de 5 minutos de um dia dedicado ao silêncio” é um desafio deixado pelo seminarista.

João Santos completa o raciocínio do seu colega e acrescenta mais desafios: “visitar o seminário; conversar com o pároco sobre o seu percurso vocacional e rezar pelos seminários”.

Com a proximidade da Semana dos Seminários (7 a 14 de Novembro), Leonel Abrantes sublinha que a primeira atitude a ter “é procurar espaços e tempos onde possa parar e reflectir” e que não tenham medo de procurar ajuda”. E finaliza: “não tenham medo de aceitar esse desafio”.

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