Um Concílio para adaptar a Igreja às circunstâncias de tempo e de lugar

Para D. Sebastião Soares de Resende, bispo da Beira (Moçambique), o II Concílio do Vaticano levará a Igreja a adaptar-se às “circunstâncias de tempo e de lugar para que mais eficazmente ela realize a sua missão”

Para D. Sebastião Soares de Resende, bispo da Beira (Moçambique), o II Concílio do Vaticano levará a Igreja a adaptar-se às “circunstâncias de tempo e de lugar para que mais eficazmente ela realize a sua missão”. Numa exortação pastoral sobre o concílio convocado por João XXIII, o bispo português revela também que “não havemos de, exageradamente, esperar dele uma espécie de panaceia mágica, instantânea e universal”.

O documento – datado de 1 de maio de 1962 e a poucos meses do início do II Concílio do Vaticano – realça que “não há que esperar do concílio a modificação das estruturas fundamentais da Igreja e da sua fisionomia tradicional, porque ela é impossível”. No entanto, aguarda-se que “ele introduza algumas novidades no domínio litúrgico, pastoral e missionário”. (Cf. Boletim de Informação Pastoral, Nº. 17, pág.19).

À primeira vista, a convocação dum concílio pode “despertar a ideia de grandes reformas que, por sua vez, supõem a existência de grandes males na Igreja”, já que esta instituição, além do seu lado divino, possui também o seu lado humano porque é constituída por homens. No entanto, o bispo da Beira e natural de Milheirós de Poiares sublinha que de facto, assim “aconteceu com alguns concílios, celebrados no passado”, mas em relação àquele que se inicia em outubro de 1962 é “promovido mais sob o imperativo de realizar o bem que, propriamente, debelar o mal” (Cf. BIP citado anteriormente).

A vigília que a Igreja vivia nos meses antecedentes à grande assembleia “há de ser considerada como um exame universal no qual todos são chamados a tomar parte”. Entre as várias orientações do II Concílio do Vaticano, parece que “será para desejar que ele se ocupe, em primeiro lugar, do interior da Igreja e aí da união cada vez mais estreita entre a Igreja e Cristo”.

Um assunto que – segundo D. Sebastião Soares de Resende – “certamente, o concílio tratará é o do laicado católico da Igreja, cujo reconhecimento oficial será honrosamente feito e consagrado”. Os motivos desta consagração “serão o Batismo que lhe confere a vida sobrenatural e o Crisma que lhe atribui o poder e com o poder o dever de ser testemunha de Cristo e de realizar a perfeição cristã” (lê-se na exortação pastoral).

Além disso, salienta o prelado da Beira e um dos participantes portugueses na assembleia magna, o laicado será apresentado pelo concílio em dois escalões da vida católica: “O da espiritualidade dos leigos, intensa, viril e sempre mais participantes dos mistérios litúrgicos da comunidade cristã; e o da vocação oficial para a participação e colaboração no apostolado hierárquico”.

Para D. Sebastião Soares de Resende, o II Concílio do Vaticano será “o concílio, por excelência, do laicado católico” e ocasionará “à Igreja um período de grande esplendor”.

LFS 

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