Ultrapassar dificuldades com os sacramentos da reconciliação e unção dos doentes

Clero da Província Eclesiástica do Sul aposta na linguagem «de graça e ampor de Deus» Ajudar as pessoas a lidar com os limites e o fracasso foi uma linha de orientação comum para o clero Província Eclesiástica do Sul, que entre os dias 21 e 24 de Janeiro esteve reunido nas Jornadas de Actualização Teológico-Pastoral sob o tema “Os Sacramentos da Cura: Crise e superação – Exigências pastorais”. A partir dos sacramentos da cura, reconciliação e unção dos doentes, o clero das dioceses do Algarve, Beja e Évora, quis reflectir na pastoral dos doentes e na condição do doente enquanto sujeito da acção pastoral. As jornadas, sendo inter diocesanas, não tinham como objectivo apresentar caminhos comuns, até porque “é natural que dentro de cada realidade e dos programas pastorais, as respostas se multipliquem”, explica à Agência ECCLESIA José Morais Palos, Presidente e Professor do Instituto Superior de Teologia de Évora. O tema foi lançado pelo próprio ISTE, tendo em conta a realidade actual e a prática, ou a falta dela, dos sacramentos da reconciliação e da unção dos doentes. A reflexão tocou perspectivas antropológicas, bíblicas e teológicas e também implicações pastorais. A religiosidade de «última hora» marca a ligação que os portugueses têm à fé. “Não apenas os portugueses”, acrescenta o professor. O sacramento da unção dos doentes “não é dos sacramentos mais procurados”, aponta o também pároco Morais Palos. Mas adianta também que ainda se “reconhece este sacramento como o extremo e derradeiro”. O confronto com a cultura actual e as dificuldades que as pessoas têm em lidar com os limites e o fracasso, colocando o sucesso e o êxito como objectivos a atingir, marca a sociedade e pede ao sacerdotes que ajudem as pessoas a lidar com estes sentimentos. O clero reflectiu na importância de “apresentar cada vez mais o amor e a graça de Deus como superiores a tudo isso”. A capacidade de superação do pecado e o “estado de graça” são mensagens a transmitir. A pastoral da Igreja, há alguns anos atrás, transmitia, numa linguagem pesada, o conceito de pecado. “Insistia muito no pecado, na transgressão, no peso e na dificuldade de superar”, reconhece o Professor Morais Palos. Mas a proposta da Igreja para os dias de hoje não carrega este peso. “Talvez ainda se perceba a herança dessa linguagem” e crie distanciamento com o sacramento da reconciliação. As gerações mais novas entendem o pecado de forma diferente, e como tal “precisam de uma linguagem própria”. No entanto, aponta o professor, “as pessoas têm maior dificuldade em lidar com o sentimento da culpa”, sublinhando esta condição como o grande entrave para a procura da reconciliação. “Facilmente se reconhecem culpas da sociedade, dos outros, do ambiente, e há dificuldade em reconhecer as próprias faltas”, aponta. As Jornadas de Actualização Teológico-Pastoral, numa iniciativa do ISTE, procuraram dar resposta a um pedido da Província Eclesiástica do Sul (Algarve, Beja e Évora), para a formação e actualização do clero, com periodicidade anual. Estes dias destinaram-se exclusivamente ao clero. No entanto ISTE organiza habitualmente jornadas teológicas abertas a todos.

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top