“João Paulo II não desiste”. Era assim que, a 30 de Março de 2005, a Agência ECCLESIA conta daquela que veio a ser a última aparição pública do Papa polaco antes da sua morte. Nesse dia, uma quarta-feira, João Paulo II mostrou-se, de manhã, na sua janela, à Praça de São Pedro, no Vaticano, para abençoar os fiéis. Apesar do seu sofrimento visível, o Papa Wojtyla não escondia a cara e, como tinha acontecido no anterior Domingo de Páscoa, ainda fez uma tentativa de dizer algumas palavras, sem sucesso: um assistente aproximou um microfone, mas rapidamente se percebeu que João Paulo II não conseguiria falar. Apesar disso, fez vários gestos de bênção. João Paulo II permaneceu quatro minutos à janela, escutando a mensagem às crianças de Milão, a oração e uma saudação em polaco aos seus compatriotas. Após o sofrimento evidente do Papa no dia de Páscoa e da sua ausência na tradicional saudação da “segunda-feira do Anjo”, feriado em Itália, havia grande expectativa em torno do que aconteceria nesse dia, aumentada pelos rumores insistentes de que uma nova operação seria inevitável. As imagens cada vez mais presentes do Papa em sofrimento causaram vários tipos de reacção em todo o mundo, da comoção à preocupação com o futuro da Igreja Católica. Apesar da progressiva degradação do estado de saúde de João Paulo II, ninguém falava ainda em morte iminente, especulando-se sobre a possibilidade de uma nova hospitalização na Clínica Gemelli, onde tinha sido submetido a uma traqueotomia. A verdade é que apenas o pessoal médico e os seus colaboradores mais próximos voltariam a ver João Paulo II com vida.