UE: Plataforma de ONG preocupada com canalização de fundos públicos para projetos no setor privado

Diretor da Concord, Olivier Consolo, quer saber se a medida «irá desviar a ajuda essencial para longe daqueles que mais necessitam»

Lisboa, 17 mai 2012 (Ecclesia) – A Confederação Europeia das Organizações Não Governamentais de apoio ao Desenvolvimento (Concord) pediu hoje esclarecimentos à União Europeia sobre um plano que vai permitir canalizar fundos públicos para alavancar projetos no setor privado.

Em comunicado à Agência ECCLESIA, o presidente daquele organismo humanitário diz que o acordo assinado na última segunda-feira em Bruxelas, durante um Conselho de Ministros dos Negócios Estrangeiros, “não é suficientemente claro” quanto à situação em que ficarão os países que dependiam dessas verbas.

Segundo Olivier Consolo, os 27 estados-membros “precisam de se certificar” de que esta medida “não irá desviar a ajuda essencial para longe daqueles que mais necessitam”.

Por outro lado, acrescenta aquele responsável, falta especificar se os fundos se destinam a “empresas locais nos países em desenvolvimento ou multinacionais estrangeiras”.

Laura Sullivan, diretora do Departamento de Advocacia Europeia da ActionAid, uma das 1800 ONG coordenadas pela Concord, acrescenta que cortar o acesso aos benefícios de crescimento “não é o caminho certo na luta contra a pobreza”.

“A UE já planeia cortar ajuda no prazo de 2 anos para muitos países, como Peru, onde a desigualdade ainda é um grande problema” denuncia a ativista.

Para a Concord, Bruxelas deveria dedicar mais “atenção” a “questões cruciais, como o futuro da política de desenvolvimento” dos países da comunidade europeia e o cumprimento dos objetivos traçados, no apoio às nações mais pobres.

Apesar dos estados-membros terem reafirmado a meta de canalizar 0,7 por cento do seu rendimento nacional bruto (RNB) para atender às necessidades das populações mais carenciadas, “a maioria continua longe desse compromisso”, lamenta o diretor executivo da Bond, rede de ONG do Reino Unido.

De acordo com Ben Jackson, “as projeções atuais sugerem que a ajuda total da UE irá estagnar entre 2010 e 2015 em 0,44% do RNB”.

Por isso, o desafio mais próximo “é transformar palavras em ação através da publicação de metas anuais de auxílio, reconhecendo o papel vital que a ajuda tem no apoio a milhões de pobres do mundo”, conclui.

JCP

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