UE: Papa deixou no Parlamento Europeu uma autêntica «encíclica social»

Presidente dos bispos católicos do Velho Continente comentou visita de Francisco a Estrasburgo

Bruxelas, 26 nov 2014 (Ecclesia) – A Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia (COMECE) considera que a deslocação do Papa Francisco a Estrasburgo, esta terça-feira, constituiu uma autêntica “encíclica social” para o Velho Continente.

Numa nota enviada à Agência ECCLESIA, o presidente do organismo que reúne os bispos católicos europeus, cardeal Reinhard Marx, salienta que com o seu discurso ao Parlamento Europeu, o Papa argentino “sublinhou a importância da aliança europeia e a necessidade de levar por diante este projeto”.

Deixou ainda “o desafio da Europa não olhar apenas para o seu passado na História mas enfrentar com coragem o seu futuro”, com “ideias novas e imaginativas que possa ser partilhadas com todo o mundo”.

“No coração da sua mensagem”, sustenta o cardeal Reinhard Marx, “o Papa colocou a convicção de que no centro do projeto europeu têm de estar as pessoas”, não apenas “enquanto cidadãs ou sujeitos de uma economia… mas enquanto homens e mulheres dotados de uma dignidade transcendental” e de “direitos inalienáveis”.

Ao fazer isto, Francisco “deixou aos responsáveis europeus ideias valiosas acerca da forma como devem abordar os atuais desafios políticos da União Europeia” e recordou os “recursos” que a Europa já tem à disposição para reforçar o seu desenvolvimento.

Recursos como “a Família, bloco central e garante de um futuro europeu, também a Educação e a Ciência, enquanto ingredientes essenciais para um verdadeiro progresso humano”, salienta o presidente da COMECE.

Ecologia e ambiente, trabalho e migrações foram outras matérias em destaque no discurso que o Papa Francisco fez esta terça-feira em Estrasburgo perante o Parlamento Europeu e Conselho da Europa.

Sobre a questão dos migrantes e itinerantes, o cardeal Reinhard Marx frisa que o Papa argentino “colocou o dedo na ferida” ao falar da Ilha de Lampedusa, na costa italiana, que tem sido palco de inúmeras mortes de emigrantes africanos.

Homens e mulheres, muitas vezes famílias inteiras que se fazem ao mar em busca de uma porta de entrada para a Europa, na esperança de um futuro melhor.

“O Papa não se limitou a alertar os deputados europeus para o facto do Mediterrâneo se ter transformado num grande cemitério, desafiou-os a mostrarem-se solidários para com os problemas dos migrantes e a tomarem medidas concretas para a sua resolução”, complementa o presidente da COMECE.

O cardeal alemão, arcebispo de Munique, conclui a sua reflexão garantindo o empenho dos bispos europeus em prosseguirem o seu diálogo com as instituições europeias, “encorajados pelas palavras de Francisco”.

JCP 

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