UE: Bispos católicos destacam urgência de «renovar» face a «quem já nada espera do projeto europeu»

Congresso «Repensar a Europa» decorre no Vaticano

Cidade do Vaticano, 27 out 2017 (Ecclesia) – O congresso ‘Repensar a Europa: contribuição cristã para o futuro da União Europeia’, organizado pelos bispos católicos, abriu hoje no Vaticano com um alerta para a necessidade de “renovar este projeto” diante dos “grandes desafios do presente”.

Na sessão de apresentação desta iniciativa, que conta com a presença em Roma de uma delegação portuguesa liderada pelo arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, foram destacados desafios como o brexit, a crise de refugiados, as alterações climáticas, as mudanças no mundo do trabalho face à revolução digital, a crescente taxa de desocupação juvenil.

O presidente da Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia (COMECE), organismo organizador do congresso, frisou que “a União Europeia, o projeto europeu obteve grandes resultados, ao longo dos últimos 60 anos”, em termos da “fomentação da paz, da solidariedade, do crescimento e progresso”.

No entanto, chegou a hora de buscar um caminho renovado, sem “nostalgias” ou entraves “românticos do passado”, pois os sinais de estagnação e divisão são mais do que evidentes.

“Atualmente, para grande parte dos cidadãos a UE aparece como uma instituição tecnocrática: tudo vem de Bruxelas e o se não vem as pessoas ficam desiludidas. Há outra parte que já não espera absolutamente nada e já não está disposta a fazer do projeto Europa o seu projeto”, apontou o cardeal Reinhard Marx.

Bem presente está ainda a decisão do Reino Unido em avançar para a saída da União Europeia (o designado brexit) depois de um referendo popular em todo o território britânico.

“A pergunta essencial o que podemos e queremos fazer para mantermo-nos juntos nesta Europa e para levarmos adiante o projeto europeu?”, interpelou o presidente da COMECE, que salientou que o objetivo é ver como a Igreja Católica pode ajudar a responder a este desafio, fomentando o diálogo entre as várias partes interessadas.

“Este encontro não será a conclusão de um processo de reflexão, será o início, continuaremos a discussão no meio da COMECE e ao mesmo tempo com a intensificação do diálogo aos mais variados níveis: da Igreja e da política”, frisou o cardeal Reinhard Marx.

Aquele responsável lembrou ainda a importância da participação do Papa Francisco, do qual se espera “uma palavra de encorajamento e força” face ao que tem que ser feito para assegurar “o futuro da Europa e da União Europeia”.

No congresso que se vai prolongar até este domingo no Vaticano, na Sala Nova do Sínodo, participam mais de 350 representantes dos vários países europeus, entre delegados católicos e de outras denominações cristãs, cardeais, bispos e sacerdotes, e responsáveis políticos, embaixadores e académicos.

De Portugal seguiu uma comitiva liderada pelo arcebispo de Braga e delegado da Conferência Episcopal Portuguesa na COMECE, D. Jorge Ortiga; e que integra também elementos como Pedro Vaz Patto, presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz; o antigo ministro António Bagão Félix; e o eurodeputado José Manuel Fernandes.

Destaque ainda para a presença na comitiva da antiga deputada Maria Rosário Carneiro; do deputado João Poças Santos; do padre Manuel Augusto Ferreira, superior geral dos Missionários Combonianos do Coração de Jesus; de Sofia Salgado Pinto, diretora da Faculdade de Economia e Gestão da UCP Porto; de José Veiga de Macedo, vice-presidente da Federação Europeia das Associações de Famílias Católicas; e do padre Duarte da Cunha, secretário-geral do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE).

JCP

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