Ucranianos vivem Natal diferente em Portugal

Cristãos com outros calendários litúrgicos nacionalidades lutam por manter vivas as suas tradições num país latino Os cristãos do rito Bizantino celebraram o Natal esta semana, dias depois dos cristãos do rito Latino celebrarem a 25 de Dezembro o nascimento de Cristo. Este ano, os dias de celebração do Natal ortodoxo foram vividos durante a semana (6 e 7 de Janeiro, Terça e Quarta-feiras), o que impediu que muitos imigrantes o pudessem celebrar segundo a sua tradição – rodeados da família, de alimentos e vestuário típico ucraniano, entre cantares e o presépio vivo. Para que o convívio familiar e as tradições não se percam, a Igreja Greco-Católica e Associação dos Ucranianos organiza, este Domingo, dia 11, no Colégio S. João de Brito, em Lisboa, uma festa de Natal. O Pe. Ivan Hudz, responsável pela Capelania dos Ucranianos, afirma à Agência ECCLESIA que ser importante haver uma “tolerância para a comunidade poder celebrar o Natal, mas esta é uma questão a ver com calma”, explica. “Antes de falar com a Conferência Episcopal, há que estabilizar a comunidade, o que ainda não acontece”. Os imigrantes ucranianos, em Portugal, diminuíram. “Não temos uma comunidade estável neste momento. Muitos voltaram para a Ucrânia ou emigram para outros países onde recebem melhores salários”. A comunidade ucraniana alterou-se com a realidade dos casamentos com cidadãos portugueses e com crianças nascidas em Portugal, “que acabam por eleger o português como a sua língua de comunicação”, explica o Pe. Ivan Hudz. De qualquer forma, entre constrangimentos temporais e mesmo longe da sua terra natal, a comunidade ucraniana não esquece as suas raízes e tradições. “Esta é a festa mais familiar e, à semelhança da tradição portuguesa, os ucranianos gostam de reunir a família”, explica o Pe. Ivan Hudz. A celebração do Natal prolonga-se por três dias. “No primeiro celebra-se o dia de Natal, no segundo celebra-se a Sagrada Família e no último dia o primeiro mártir São Estevão”. O Pe. Ivan afirma que quem é cristão, é-o em qualquer local do mundo. De qualquer forma, “a participação na comunidade religiosa e no seu rito original, ajuda a criar laços quando se está longe e a Igreja é um ponto de encontro e de ajuda”. O povo português tem também uma grande experiência de emigração por isso “sabe o que significa estrangeiro”. Talvez por partilhar os mesmos sentimentos, os portugueses “prestem tão bom acolhimento aos ucranianos. Somos bem recebidos pela sociedade civil, pelo governo e pela Igreja”, explica o responsável da capelania dos ucranianos. D. José Alves, Arcebispo de Évora participação na celebração do Natal ortodoxo em Évora, “sintoma da boa relação existente”. O Pe. Ivan sublinha que esta relação próxima “é uma mostra da riqueza da Igreja universal. São dois ritos, dois pulmões que respiram, mas são unidos no espírito e têm muito a aprender mutuamente”. De acordo com o calendário juliano, ainda usado na Rússia e outros países do Leste europeu, o nascimento de Jesus Cristo celebrou-se no dia 7, uma realidade que os portugueses já conhecem melhor, por cauda da vaga de imigração registada no nosso país durante os últimos anos. Além dos ucranianos, há ainda russos, arménios, georgianos, romenos, búlgaros e cristãos de várias outras nacionalidades que lutam por manter vivas as suas tradições. Esta nova realidade faz com que aumente também o número de lugares com celebrações litúrgicas de rito bizantino. Além das celebrações promovidas pelas capelanias diocesanas de rito católico bizantino, no país houve também celebrações das Igrejas Ortodoxas ligadas aos Patriarcados de Moscovo, Constantinopla, Grécia e Bulgária.

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Agência ECCLESIA

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