Reconhecimento da independência de duas províncias separatistas, pela Rússia, agravou tensão
Cidade do Vaticano, 22 fev 2022 (Ecclesia) – O Vaticano recordou hoje os apelos à paz na Ucrânia que o Papa tem lançado, alertando para a “loucura” da guerra, numa reação ao reconhecimento da independência de duas províncias separatistas, pela Rússia.
“Resta uma abertura para o diálogo, muito invocada pelo Papa nas últimas semanas”, refere o portal de notícias ‘Vatican News’.
O artigo começa por recuperar o alerta de Francisco, no último domingo, quando lamentou que “pessoas e povos orgulhosos de serem cristãos” vejam os outros como inimigos e pensem em “fazer a guerra.
Uma semana antes, o Papa alertava para as notícias “preocupantes” que chegavam da Ucrânia, pedindo um momento de oração, em silêncio, na Praça de São Pedro.
A 9 de fevereiro, Francisco agradeceu a todas as pessoas e comunidades que se uniram em oração pela paz na Ucrânia, numa jornada que aconteceu a 26 de janeiro, por iniciativa do Papa.
“Continuemos a implorar ao Deus da paz, para que as tensões e ameaças de guerra sejam superadas através de um diálogo sério e para que as conversações no formato da Normandia possam também contribuir para esse propósito. Não esqueçamos: a guerra é uma loucura”, disse.
Em Portugal, o Santuário de Fátima lançou esta segunda-feira uma corrente de oração pela paz na Ucrânia, em resposta a um apelo do cardeal D. António Marto.
Na Madeira, a Igreja Católica, Anglicana, Luterana e Presbiteriana vão promover esta quinta-feira, às 20h00, na Catedral do Funchal, uma celebração Ecuménica pela Paz entre a Rússia e a Ucrânia.
Já o cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, recorreu ao Twitter, face às “notícias tristes” que chegam do país do leste europeu.
“Peçamos a Deus para que todos tenham a coragem de parar todas as ações bélicas e, finalmente, consiga reinar a paz no mundo”, escreveu.
Esta segunda-feira, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, reconheceu os regimes separatistas de Lugansk e Donetsk no leste da Ucrânia, avançando com a colocação de tropas russas nestes territórios, justificando a decisão com a necessidade de “manutenção da paz”.
A Rússia é acusada de instigar o conflito no território ucraniano, palco de uma guerra com oito anos, na sequência da anexação russa da península ucraniana da Crimeia.
Moscovo considera que as autoridades de Kiev desrespeitam os acordos de paz de Minsk (2015), sobre o conflito que opõe a Ucrânia aos separatistas pró-russos.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que a decisão da Rússia em reconhecer a independência dos territórios separatistas “é uma violação da integridade territorial e da soberania da Ucrânia”.
A União Europeia decidiu esta segunda-feira enviar um apoio financeiro extraordinário à Ucrânia, no valor de 1200 milhões de euros.
A Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia (COMECE) congratulou-se com a decisão, face ao impacto das “atuais tensões geopolíticas”, convidando a “reforçar o Estado de direito e a governação da Ucrânia e a resiliência do país, especialmente nos setores económico, financeiro e energético”.
Mais de metade dos 45 milhões de ucranianos fazem parte da Igreja Ortodoxa, onde também é visível o confronto entre Kiev e Moscovo, com a existência de dois patriarcados no território.
Em janeiro de 2019, o patriarca ecuménico de Constantinopla, Bartolomeu I, considerado ‘primus inter pares’ no mundo ortodoxo, reconheceu nova Igreja na Ucrânia como “autocéfala” (independente), decisão rejeitada por Moscovo.
OC