Habitantes pedem intercessão de Francisco por um «ato de misericórdia»
Cidade do Vaticano, 19 abr 2022 (Ecclesia) – O Vaticano divulgou hoje um apelo “desesperado” da população de Mariupol ao Papa, pedindo a abertura de corredores humanitários na cidade cercada pelo exército russo, numa carta-apelo assinada pelas “mães, esposas e filhos” dos sobreviventes.
“A sua ajuda para a evacuação seria um verdadeiro ato de misericórdia”, refere a missiva, que foi recebida pelo cardeal Michael Czerny, presidente interino do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral (Santa Sé) e um dos responsáveis que Francisco envio à Ucrânia, desde o início da guerra.
O membro da Cúria Romana questiona a “irracionalidade da guerra”, em declarações aos media do Vaticano.
“Este pedido desesperado é também dirigido a todos os que têm a possibilidade de ajudar com corredores humanitários, com um cessar-fogo, que é exatamente o que a situação precisa neste momento”, indica o cardeal.
A carta foi entregue por Saken Aymurzaev, jornalista do canal de televisão estatal ucraniano.
“As mulheres, as crianças e os feridos não merecem tal morte diante dos olhos do mundo”, assinala o texto, que fala desta população como “os mártires de hoje”.
Os signatários veem em Francisco o “último bastião de esperança” perante o cerco “inaceitável” de Mariupol, cidade “reduzida a cinzas” após ataques constantes do exército russo.
“Santo Padre, ainda é possível ajudar os que sofrem”, pode ler-se.
O Papa evocou este domingo, antes da bênção ‘Urbi et Orbi’, a “Páscoa de guerra” que se vive na Ucrânia.
A situação é particularmente grave em Mariupol, cidade portuária no mar Negro, que sofre diariamente com os bombardeamentos russos.
Já esta segunda-feira, o embaixador da Ucrânia no Vaticano, Andrii Yurash, divulgou uma carta do comandante da 36.ª brigada de fuzileiros navais ucraniana, Sergiy Volyna, pedindo a intervenção de Francisco “para salvar a população civil exausta da cidade”.
“Provavelmente, viu muitas coisas na sua vida. Mas tenho a certeza de que nunca viu o que está a acontecer em Mariupol. Porque isto é o inferno na terra. Tenho pouco tempo para descrever todos os horrores que vejo aqui todos os dias. Na fábrica, as mulheres com crianças e bebés vivem em ‘bunkers’. Com fome e com frio. Todos os dias na mira dos aviões inimigos. Os feridos morrem todos os dias porque não há medicamentos, água, comida”, refere o texto.
OC
Ucrânia: Líderes religiosos pedem corredores humanitários em Mariupol