Ucrânia: Parlamento proíbe presença de comunidades ligadas ao Patriarcado Ortodoxo de Moscovo

Medida mereceu apoio de Conselho Ucraniano das Igrejas e Organizações Religiosas

Foto: Lusa/EPA

Kiev, 20 ago 2024 (Ecclesia) – O Parlamento da Ucrânia aprovou hoje uma lei que proíbe a presença no território de comunidades ligadas ao Patriarcado Ortodoxo de Moscovo, sob a acusação de apoiarem a “agressão armada” iniciada pela Rússia em fevereiro de 2022.

A lei estipula que são proibidas no território da Ucrânia as “atividades de organizações religiosas estrangeiras situadas num Estado que, reconhecidamente, tenha cometido ou esteja a cometer uma agressão armada contra a Ucrânia e/ou que ocupe temporariamente uma parte do território”.

A lei entra em vigor 30 dias após a aprovação, mas as comunidades da Igreja Ortodoxa Ucraniana ligadas ao Patriarcado de Moscou vão dispor de nove meses para romper esta ligação.

A iniciativa legislativa mereceu o apoio do Conselho Ucraniano das Igrejas e Organizações Religiosas, cujos membros se encontraram, na última sexta-feira, com o presidente da Ucrânia.

“Condenamos categoricamente as atividades da Igreja Ortodoxa Russa, que se tornou cúmplice dos crimes sangrentos dos invasores russos contra a humanidade, que abençoa armas de destruição maciça e declara abertamente a necessidade de destruir o Estado ucraniano, a cultura, a identidade e, mais recentemente, os próprios ucranianos”, pode ler-se.

Mais de metade dos ucranianos fazem parte da Igreja Ortodoxa, dividida em dois patriarcados.

Em janeiro de 2019, o patriarca ecuménico de Constantinopla, Bartolomeu, reconheceu a Igreja na Ucrânia como “autocéfala” (independente), decisão rejeitada por Moscovo; com a concessão da chamada “autocefalia”, o Patriarcado de Kiev passou a ser a 15ª Igreja Ortodoxa.

Esta decisão levou o Patriarcado de Moscovo a romper relações com o Patriarcado Ecuménico de Constantinopla.

A 16 de maio, numa passagem por Lisboa, o patriarca Bartolomeu apelou a um cessar-fogo imediato na Ucrânia e no Médio Oriente, criticando o Patriarcado Ortodoxo de Moscovo pelo seu apoio à guerra.

“Não podemos concordar de forma alguma com a ideologia do mundo russo [russkiy mir] e com as orações que o patriarca [Cirilo] faz, não pela paz, mas pela vitória das armas russas. Esta ideologia é puro nacionalismo e é uma heresia”, disse, em conferência de imprensa.

OC

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Agência ECCLESIA

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