Ucrânia: Papa admite «frustração» com falta de avanços para a paz e fala em povo «mártir»

Francisco critica comércio de armas que alimenta as guerras

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 23 set 2023 (Ecclesia) – O Papa admitiu hoje que existe “frustração” no Vaticano com a falta de avanços na missão de paz para a Ucrânia, falando de um povo “mártir”.

“Sente-se alguma frustração, porque a Secretaria de Estado [do Vaticano] está a fazer todos os possíveis para ajudar”, disse aos jornalistas, no voo de regresso a Roma, após uma visita de dois dias à cidade francesa de Marselha.

Na última semana, o enviado especial do Papa para a missão de paz na Ucrânia encontrou-se esta quinta-feira com um responsável da diplomacia de Pequim, na China, debatendo as “consequências dramáticas” da guerra.

O cardeal Matteo Zuppi foi recebido, em julho, pelo presidente dos EUA, na Casa Branca, em Washington, tendo Joe Biden manifestado “o seu apreço pelo ministério de Francisco”.

Nos dias 28 e 30 de junho, o enviado do Papa tinha feito uma visita a Moscovo, procurando “identificar iniciativas humanitárias” para abrir “caminhos de paz”; a 6 de junho, o cardeal Zuppi reunira-se em Kiev com o presidente da Ucrânia.

Francisco comentou a “missão Zuppi”, falando em avanços “com as crianças” ucranianas que foram levadas para a Rússia, após a invasão iniciada em fevereiro de 2022.

“Esta guerra vai além do problema russo-ucraniano, é para vender armas, o comércio de armas. Dizia um economista alguns meses atrás que hoje os investimentos que dão mais lucro são as fábricas de armas, certamente fábricas de morte”, lamentou.

O povo ucraniano é um povo mártir, tem uma história muito martirizada, uma história que faz sofrer, e não é a primeira vez: no tempo de Estaline, sofreu muito, muito, muito, é um povo mártir. Mas nós não devemos brincar com o martírio deste povo, devemos ajudá-los a resolver as coisas da forma mais real possível”.

O Papa destacou que não é tempo de “ilusões”, mas de “fazer o possível”.

“Agora vi que algum país se retrai, que não dá armas, e começa um processo onde o mártir será o povo ucraniano certamente. E isso é algo mau”, advertiu.

A deslocação a Marselha foi a 44ª viagem internacional do pontificado, tendo Francisco visitado 61 países, incluindo Portugal; a 25 de novembro de 2014, o Papa esteve na cidade francesa de Estrasburgo, para discursar perante o Parlamento Europeu e o Conselho da Europa.

OC

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Agência ECCLESIA

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