Ucrânia: País está «unido» e vai sair «vencedor» – Capelão da Igreja Greco-Católica Ucraniana em Lisboa (c/vídeo)

Padre Natanael Mykola Harasym agradece ajuda dos portugueses, «país vizinho», e diz ser agora a hora de ajudar a Ucrânia

Lisboa, 01 mar 2022 (Ecclesia) – O padre Natanael Mykola Harasym, capelão da Igreja Greco-Católica Ucraniana em Lisboa, disse hoje que o seu país natal está “unido”, que é “uma só família” e acredita que “o pai da mentira tem os dias contados”.

“Os separatistas continuam a semear mentiras com propaganda. Ouço na comunicação o que diz o outro lado e o que ouço é propaganda, são mentiras sem sentido. Aquilo não é um conflito. Vamos parar com meias verdades: aquilo é a luta entre o bem e o mal. Não sou político ou economista mas acompanho como homem, cristão, cidadão e sacerdote. Rezo para que isso se resolva e apelo, a partir da minha pequenez, para que se resolva. Há sinais e há muitos gritos”, afirmou à agência ECCLESIA.

Reconhecendo que os “esforços diplomáticos são necessários”, o padre do rito Greco-Católico alerta para a intenção imperalista que, sublinha, “não ficará por aqui”.

Foto Arlindo Homem, Padre Natanael na Vigília Jovens pela Paz

“A guerra não se justifica, não tem lógica. Não é só contra a União Europeia. Se a Ucrânia cair hoje, amanhã não é só a Estónia, a Polónia. Seja o imperialista czarista, o comunista ou o de Putin, tem fim. Todos os ditadores que começaram a guerra e a invadir os outros, todos acabaram mal e foram derrotados”, recorda.

E explica que em causa não está a paz a qualquer custo: “Não queremos paz a qualquer custo, não queremos paz no cemitério, não queremos que as mães da Rússia, da Bielorrússia, cujas tropas entraram na minha terra natal, morrem lá”.

Sobre a ajuda a prestar à Ucrânia, o sacerdote diz serem necessários géneros alimentares não perecíveis e roupas quentes, afirmando que a Junta de Freguesia e a paróquia de Nossa Senhora do Amparo, ambas em Benfica, estão mobilizadas para ajudar e prestar informações.

“Agora é o momento que toda a ajuda é bem vinda nesta crise humanitária sem tamanho que já está instaurada. Vamos sair vencedores e vamos chorar os nossos mortos mas já estamos a vencer, porque a força do bem é muito maior e o pai da mentira já está derrotado”, afirma, agradecendo as ações de ajuda que se têm multiplicado pelo país.

“Portugal é vizinho da Ucrânia. Espero que a Rússia e a Bielorrússia possam ser bons vizinhos. Somos irmãos e os irmãos não se matam, nem podem impor a paz com as armas. A paz não se faz com as armas. Deponham as armas no chão. Voltem para casa.

O diálogo é importante. A guerra tem de terminar já”, pede.

O responsável, em entrevista emitida hoje pelo programa ECCLESIA, diz que é importante manter a memória sobre o que está a acontecer e lembra o início do conflito, na Ucrânia, em 2014, mas também “2011 na Síria, 2008 na Geórgia e tantos outros momentos anteriores”.

“O Alzheimer espiritual, político, histórico não faz bem. A memória faz-nos bem”, sustenta.

A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada, dia 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades.

A invasão russa foi condenada pela maior parte da comunidade internacional.

Há 20 anos em Portugal, o padre Natanael Mykola Harasym diz que na noite de 24 estava a acompanhar a sessão das Nações Unidas, esperando por “boas notícias”, quando viu os primeiros clarões quando passava pouco das 3 da madrugada em Lisboa.

“Às 5 horas da manhã na minha terra natal, não só no leste, não só no centro do meu país, mas a 15 quilómetros da casa da minha mãe, que é a 10 quilómetros junto à fronteira com a Polónia, junto à união europeia. Não consigo dormir bem desde então mas os meus irmãos e irmãs, na minha terra natal, têm sono mais perturbado do que eu”, lamenta.

PR/LS

 

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Agência ECCLESIA

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