Ucrânia: Odemira recebe «todos os dias» mães e crianças, com «marcas profundas da guerra»

Pároco local pede ajuda para as famílias que estão a ser acolhidas no Colégio Nossa Senhora da Graça

Foto EPA/Ciro Fusco/Lusa

Odemira, 11 mar 2022 (Ecclesia) – O pároco de Odemira disse à Agência ECCLESIA que a comunidade local está a acolher “todos os dias” mães e crianças que deixam tudo para fugir da guerra na Ucrânia, que chegam com medo e uma “tristeza angustiante”.

“As marcas da guerra são profundas. É de uma tristeza… As crianças estão numa tristeza angustiante e com uma expressão de cansaço. Outra marca é de medo: qualquer barulho, começam a chorar, encostam-se a uma parede e ficam completamente petrificados”, referiu o padre Manuel Pato.

O pároco de Odemira lembrou que há uma grande comunidade de ucranianos a trabalhar na região, a quem os familiares e amigos telefonam num “grito de aflição” para os irem buscar às fronteiras com a Ucrânia.

“Quem chegou deixou tudo para trás, não só as coisas, mas os pais e todos os familiares. Chegaram aqui perto da uma da tarde quatro pessoas apenas com a roupa que tinham vestida e um saco plástico… E demoraram sete ou oito dias a sair da Ucrânia”, contou o padre Manuel Pato.

As pessoas que têm família são acolhidas por familiares e as que não têm vão para o Instituto Nossa Senhora de Fátima, uma IPSS da Diocese de Beja, em Vila Nova de Mil Fontes, mais conhecido por Colégio Nossa Senhora da Graça, na valência de Colónia Balnear.

O padre Manuel Pato diz que até esta sexta-feira ao início da tarde foram acolhidas 21 crianças e sete mães, prevendo acolher até 70 crianças.

“Saíram daqui ontem três carrinhas para levarem medicamentos para lá e no domingo ou segunda chegam cá as três carrinhas com pessoas”, disse o pároco de Odemira, que está na comunidade há 11 anos.

O padre Manuel Pato referiu que estão a proporcionar às famílias que acolhem alojamento, comida, roupas e material escolar, onde o acompanhamento está a ser facilitado pela presença de um tradutor, e a quem querem dar “uma certa autonomia”.

“Vamos precisar de algum apoio financeiro”, disse o padre Manuel Pato, acrescentando que desejam “criar a possibilidade das pessoas poderem refazer as suas vidas, logo que tenham a documentação em Portugal ou voltarem aos países deles”.

Segundo a ONU, a guerra na Ucrânia já provocou a fuga do país de 4,5 milhões de pessoas; Portugal concedeu até esta sexta-feira mais de 5700 pedidos de proteção temporária, maioritariamente mulheres e crianças.

PR

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Agência ECCLESIA

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