Cardeal-patriarca de Lisboa elogia resposta solidária da sociedade portuguesa
Lisboa, 07 abr 2022 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa considerou “completamente inaceitável” a guerra na Ucrânia, questionando quem justifica o conflito com motivações religiosas.
“A guerra defensiva pode-se perceber em algumas circunstâncias, com certeza, defender o que é seu, tanto quanto se possa defender e com o mínimo de estragos possível do outro lado, mas uma guerra ofensiva, uma invasão e destruição de um país, isto é completamente inaceitável”, sustentou D. Manuel Clemente, convidado da entrevista conjunta Ecclesia/Renascença, publicada e emitida aos domingos.
Questionado sobre “onde está Deus neste conflito”, o responsável católico respondeu que “está em todo o lado” e em “toda a gente”.
“Não há outra perspetiva cristã senão ter esta amplitude de visão. Mais uma razão para não podermos admitir coisas deste género, como estão a acontecer, porque a guerra nunca é uma maneira de resolver conflitos”, acrescenta.
O patriarca de Lisboa destaca o papel do Papa e da diplomacia da Santa Sé “para travar este conflito, mas também para se tornar presente e ajudar, e para verificar se é oportuna uma visita papal” à Ucrânia.
O cardeal avalia de uma maneira “muito positiva” a resposta solidária da sociedade portuguesa à crise provocada pela guerra, falando num “caso em que a sociedade antecedeu o Estado”.
“Aparecem nestas alturas generosidades que não estaríamos a contar que fossem assim tão grandes”, observa.
Para D. Manuel Clemente, é preciso compreender que se está perante “um movimento de massas, de fuga, que vêm como podem vir, trazendo o que podem e à espera, para já, de terem sossego e paz”.
A ação solidária, precisa, deve ter em atenção a reconstrução da Ucrânia e a integração dos refugiados que quiserem ficar em Portugal, “da melhor maneira possível, sem gastar mal aquilo que pode ser bem gasto”.
Ângela Roque (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)
Já na homilia deste Domingo de Ramos, na Catedral de Lisboa, D. Manuel Clemente elogiou a solidariedade dos portugueses com os refugiados da guerra.
“Quando, entre nós, tantos refugiados anseiam pela recuperação da sua terra e pela vida dos seus, os gestos de comunhão espiritual e solidariedade concreta que se têm somado nestas trágicas semanas mostram o melhor do coração humano e reabrem o futuro que a guerra quis fechar”, afirmou. “São prenúncios daquela vida que ressuscitou do sepulcro que parecia fechado; fulguram a Páscoa que Cristo garante”, acrescentou o cardeal-patriarca, citado pela Renascença. O responsável católico evocou ainda os 85 anos da emissora católica portuguesa. “Muitos parabéns a todos os que nela trabalham e assim continuam essa obra da Igreja no sentido mais autêntico, de também, através da rádio levar o Evangelho de Cristo a quem tanto espera. Muitos parabéns à nossa Rádio Renascença”, disse. |