Ucrânia: Enviado pessoal do Papa defende diálogo para travar «guerra cruel»

Cardeal Konrad Krajewski deixou apelo à oração dos portugueses, em entrevista à Rádio Renascença

Foto: Vatican Media

Lisboa, 10 mar 2022 (Ecclesia) – O cardeal Konrad Krajewski, esmoler pontifício e enviado pessoal do Papa à Ucrânia, disse à Rádio Renascença que é necessário diálogo para travar uma “guerra cruel”, apelando à oração dos portugueses pela paz.

O esmoler pontifício, que passou pela Polónia antes de chegar a território ucraniano, sustentou que, “para o diálogo, há sempre tempo e é sempre o momento certo”.

“Também deve haver, por parte do outro ser humano, uma vontade para ouvir o que se tem a dizer… e não apenas agir de acordo com a sua própria mentalidade. Diálogo significa ouvir o outro”, acrescentou.

O colaborador do Papa, que coordena a ação caritativa do pontífice, realçou que Francisco reza pela paz e para que “as pessoas não tenham de abandonar as suas casas, para que possam regressar aos lugares onde pertencem”.

Questionado sobre o cenário que encontrou, entre os que fogem da guerra e na Ucrânia, o cardeal polaco falou num “tempo de grande tragédia”, em que também existe “muita solidariedade, amor e bondade”.

“Todo o mundo quer ajudar a Ucrânia. Neste momento, de um lado, temos a guerra cruel e, do outro, as características mais belas do ser humano como a bondade”, observou.

O cardeal Konrad Krajewski destacou que a “fé move montanhas”, convidando à oração pelo fim do conflito.

“Se realmente temos fé, nós também – com a nossa oração, jejum e as nossas dádivas – podemos parar esta guerra”, declarou.

No último domingo, o Papa disse desde o Vaticano que a Santa Sé estava “disposta a fazer tudo para se colocar ao serviço da paz”, anunciando que dois cardeais partiriam rumo à Ucrânia, “para servir o povo, para ajudar”.

“O cardeal Krajewski, esmoler, para levar ajuda aos necessitados, e o cardeal Czerny, prefeito interino do Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral. A presença dos dois cardeais, lá, é a presença não só do Papa, mas de todo o povo cristão que se quer aproximar e dizer: ‘A guerra é uma loucura! Parai, por favor! Olhai para esta crueldade!’”, precisou.

O esmoler pontifício adiantou à RR que, em nome do Papa, telefonou a “todos os bispos da Ucrânia, incluindo os greco-católicos, ortodoxos e os ortodoxos dependentes de Moscovo”.

“Convidei-os para a Oração pela Paz, esta quinta-feira, às 12h00”, referiu.

A presença é o primeiro nome do Amor. O Papa Francisco quis assim estar presente aqui e mandou-me como seu enviado. Vou onde me for permitido e onde for convidado. Se quero ir a Kiev? Se for possível, sim”.

D. Konrad Krajewski deixou uma mensagem aos que, em Portugal, querem ajudar a Ucrânia.

“Os portugueses conhecem bem o valor da oração. Que ofereçam então a sua oração, jejum e esmola”, apelou.

O responsável da Santa Sé falou ainda ao portal de notícias do Vaticano, destacando que toda a ajuda humanitária vinda da Europa “chega ao seu destino, apesar dos bombardeamentos”.

“Há dificuldade em encontrar combustível e, através da Esmolaria apostólica, o Santo Padre pagou muitas viagens das carrinhas, dos grandes camiões que levam ajuda humanitária para a Ucrânia”, revelou.

Em Lviv, indicou o colaborador do Papa, escolas e paróquias são casas provisórias.

“Onde houver um pouco de espaço, tudo é ocupado pelos refugiados que rezam, que têm esperança, que agradecem à comunidade europeia que lhes envia ajuda, que está próxima a eles, que reza por eles”, relatou o cardeal Krajewski.

OC

John Coughlin, especialista de emergências da ‘Caritas Internationalis’, disse hoje à Agência ECCLESIA e Rádio Renascença que a deslocação do cardeal Krajewski para Kiev pode ser perigosa e exige planeamento.

“É importante a negociação de todo o caminho de Lviv para Kiev, para assegurar que todos os atores estão conscientes de que temos uma pessoa em viagem. A mesma coisa com as pessoas que estão a tentar fugir: estamos a ver que estes corredores humanitários são bastante complexos e bastante difíceis de negociar – e depois de respeitar”, adverte.

O convidado da próxima entrevista semanal conjunta, que vai ser emitida e publicada este domingo, lembra em particular o caso de Mariupol.

“Espero que as negociações que estão a acontecer hoje façam com que tenhamos um cessar-fogo, para que as pessoas possam transitar e ir até um posto mais seguro. Temos de rezar por isso e, como diz o Santo Padre, não podemos esquecer a humanidade”, indica.

 

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Agência ECCLESIA

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