Cardeal Zuppi vai encontrar-se com responsáveis políticos para debater planos de paz e missões humanitárias
Cidade do Vaticano, 05 jun 2023 (Ecclesia) – O cardeal Matteo Zuppi, enviado do Papa à Ucrânia, vai iniciar hoje uma missão de paz a Kiev, anunciou a Santa Sé, em comunicado.
“Trata-se de uma iniciativa que tem como objetivo principal ouvir, de modo aprofundado, as autoridades ucranianas sobre os caminhos possíveis para se chegar a uma paz justa e apoiar gestos de humanidade, que contribuam para aliviar as tensões”, refere a nota, enviada à Agência ECCLESIA.
A 25 de maio, numa entrevista ao canal norte-americano ‘Telemundo’, o Papa disse que a paz entre a Rússia e a Ucrânia só vai acontecer “no dia em que puderem conversar”, através dos seus líderes ou de “outros”.
Francisco, que a 13 de maio recebeu no Vaticano o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, admitiu que Kiev “não sonha tanto com mediações” da Santa Sé, mas aposta no papel da Igreja Católica em missões humanitárias, como a troca de prisioneiros ou o regresso de menores ao país.
“Ele (Zelensky) pediu-me um favor muito grande, para tentar cuidar das crianças que foram levadas para a Rússia (…). Ficou muito magoado e pediu colaboração para tentar levar os meninos de volta para a Ucrânia”, explicou.
A 20 de maio, a Santa Sé anunciou a nomeação de um cardeal como enviado do Papa à Ucrânia, em missão de paz.
“Posso confirmar que o Papa Francisco confiou ao cardeal Matteo Zuppi, arcebispo de Bolonha e presidente da Conferência Episcopal Italiana, a tarefa de conduzir uma missão, em acordo com a Secretaria de Estado do Vaticano, que contribua para aliviar as tensões no conflito da Ucrânia”, referia uma nota enviada ao jornalistas por Matteo Bruni, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé.
A iniciativa, acrescentava o texto, acontece “na esperança, nunca abandonada pelo Santo Padre, de que se possam iniciar caminhos de paz”.
O cardeal Zuppi, arcebispo de Bolonha desde 2015, é uma figura ligada à comunidade católica de Santo Egídio – conhecida pela sua intervenção em processos de paz – tendo atuado como mediador em Moçambique, no processo que levou à assinatura do Acordo Geral de Paz, em Roma, no ano de 1992.
A 12 de maio, falando aos jornalistas reunidos em Fátima, o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano disse que, desde o início da invasão russa, a 24 de fevereiro de 2022, “o Papa procurou oferecer o Vaticano como lugar de mediação, como forma de chegar o mais rapidamente possível a um cessar-fogo”, tendo em vista a paz.
“Até agora não houve respostas positivas, nem de uma parte nem da outra”, admitiu então.
Já a 13 de maio, o Papa recebeu no Vaticano, em audiência privada, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, no primeiro encontro pessoal dos dois responsáveis desde o início da invasão russa.
A audiência teve uma duração de aproximadamente 40 minutos, informou a Sala de Imprensa da Santa Sé, abordando temas “referentes à situação humanitária e política na Ucrânia causada pela guerra em curso”.
“O Papa tem assegurado sua oração constante, testemunhada pelos seus numerosos apelos públicos e invocação contínua ao Senhor pela paz, desde fevereiro do ano passado. Ambos concordaram sobre a necessidade de continuar os esforços humanitários em apoio à população”, indicou o portal de notícias do Vaticano.
Francisco sublinhou em particular a urgência de “gestos de humanidade” para com as pessoas mais frágeis, vítimas inocentes do conflito”.
Volodymyr Zelensky disse ter apresentado a “Fórmula de Paz” defendida por Kiev como “o único algoritmo eficaz para chegar à paz”, pedindo que a Santa Sé se “una à sua implementação”.
“Estamos muito interessados em envolver o Vaticano na nossa fórmula de paz”, explicou depois o presidente ucraniano, em entrevista ao programa ‘Porta a Porta’, da RAI, citada pela agência ANSA.
“Com todo o respeito por Sua Santidade, não precisamos de mediadores, precisamos de uma paz justa”, acrescentou.
OC