XIII Estação da Via-Sacra de Sexta-feira Santa vai evocar guerra, em reflexão de duas famílias
Lisboa, 13 abr 2022 (Ecclesia) – Diplomatas e responsáveis católicos da Ucrânia contestaram a intenção de apresentar uma família deste país com outra da Rússia, durante a XIII Estação da Via-Sacra de Sexta-feira Santa, no Coliseu de Roma, anunciada pela Santa Sé.
O embaixador da Ucrânia junto da Santa Sé, Andriy Yurash, escreveu que a representação diplomática “entende e partilha a preocupação comum da comunidade ucraniana e de muitas outras comunidades sobre a ideia de reunir mulheres ucranianas e russas para carregar a cruz durante a procissão da cruz”.
As duas mulheres, Irina e Albina, amigas, são migrantes na Itália: Irina, enfermeira ucraniana, trabalha num Centro de Cuidados Paliativos, em Roma; Albina, estudante russa, frequenta o curso de Licenciatura em Enfermagem.
“Acordamos de manhã e sentimo-nos felizes por alguns segundos, mas logo a seguir pensamos como será difícil reconciliar-nos. Senhor, onde estais? Falai no silêncio da morte e da divisão e ensinai-nos a fazer a paz, a ser irmãos e irmãs, a reconstruir aquilo que as bombas teriam querido aniquilar”, refere o texto para a penúltima estação da Via-Sacra, publicada pelo Vaticano.
O Papa confia anualmente a redação das meditações e orações desta celebração a vários autores; este ano, os textos foram confiados a várias famílias.
O núncio apostólico (embaixador da Santa Sé) na Ucrânia, D. Visvaldas Kulbokas, que permanece em Kiev desde o início da guerra, disse ter transmitido ao Vaticano a reação da Ucrânia ao gesto previsto para esta Sexta-feira Santa.
“A reconciliação deve acontecer quando a agressão for interrompida”, referiu, enfatizando que esta oração não é um ato político.
D. Sviatoslav Shevchuk, chefe da Igreja Greco-Católica Ucraniana, disse por sua vez que esta é “uma ideia prematura”.
Já o bispo latino de Kiev, D. Vitaliy Kryvytskyi, recorreu ao Facebook para desejar que a organização da celebração “ainda tenha a oportunidade de corrigir o cenário da Via-Sacra e evitar mais disputas sobre este tema”.
OC