Ucrânia: Confederação Internacional da Cáritas alerta para «catástrofe humanitária colossal»

População que «vive em estado crítico há oito anos» vê condições de vida agravadas com ataque russo

Lisboa, 24 fev 2022 (Ecclesia) – A Confederação Internacional da Caritas insistiu hoje na necessidade de garantir proteção e acesso para prestar assistência humanitária à população necessitada, decorrente do conflito entre a Rússia e a Ucrânia e alertou para “uma catástrofe humanitária colossal”.

“Os eventos que tiveram início nesta madrugada vão, inevitavelmente conduzir a uma catástrofe humanitária colossal. Não é possível acreditar que no século XXI, no centro da Europa as pessoas tenham que acordar às 5 da manhã com explosões e o som de sirenes de ataque aéreo”, lamentou Tetiana Stawnychy, presidente da Caritas Ucrânia, numa reação ao ataque que aconteceu no país, às primeiras horas do dia de hoje.

A Confederação Internacional da Caritas manifestou-se “profundamente preocupada com o impacto desta intervenção na população local”, que, recordou, “vive em estado crítico há oito anos, após o início da crise que matou 14 mil pessoas e desalojou 1,5 milhão”, e que também a pandemia da Covid-19 fez agravar.

A organização lançou um apelo de emergência para apoiar o trabalho da Caritas Ucrânia e apela a donativos que possam auxiliar o seu trabalho, com alimentos, água potável, acomodações seguras e kits de higiene, bem como garantir transporte seguro para pessoas vulneráveis chegarem a seus entes queridos e áreas seguras.

Tetiana Stawnychy apelou ao apoio de todos para poderem responder “à crise humanitária e ajudar as pessoas afetadas pela guerra”.

A Rússia invadiu a Ucrânia na madrugada desta quinta-feira, alegando a necessidade de proteger os habitantes das províncias separatistas ucranianas, que reconheceu como independentes.

ONU, NATO, Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia, entre outros, condenaram a decisão russa.

A Cáritas da Ucrânia estava a preparar-se, desde o final do verão de 2021, em particular no leste do país, para uma resposta humanitária.

“A Cáritas formou funcionários e voluntários para aumentar sua capacidade de atender às necessidades das comunidades locais e fortalecer sua rede. Também reposicionarem temporariamente centros para acolher e garantir assistência aos deslocados internos, cujo número provavelmente aumentará consideravelmente com o início desta recente intervenção militar”, destaca.

A organização dá conta que antes dos ataques 2.9 milhões de pessoas “em ambos os lados da linha de contato precisavam de assistência humanitária”, tendo este número aumentado “exponencialmente”.

A Caritas Ucrânia é apoiada por 36 organizações da Confederação Internacional da Caritas na assistência à população necessitada.

O secretário-geral Confederação Internacional da Caritas, Aloysius John, afirmou que as “trágicas implicações humanitárias desta guerra não poderão ser ignoradas” e sublinhou ser “um dever da comunidade internacional proteger o povo ucraniano e garantir seu acesso à assistência que salva vidas”.

Entretanto, outras organizações estão a reagir perante os acontecimentos, como é o caso da congénere alemã que afirmou que com esta guerra, “a humanidade perdeu”.

“A população civil deve ser protegida, o acesso humanitário deve ser garantido e a guerra deve acabar”, reagiu a Caritas da Alemanha.

A Cáritas suíça deu conta do envio de 200 mil francos suíços para ajuda de emergência à população ucraniana que, enfrenta uma “situação é muito difícil, com muitas pessoas a querem deixar a cidade de Odessa”, publicou a Caritas Ucrânia nas redes sociais.

A Confederação Internacional da Cáritas fala ainda em “desacreditação do direito internacional” e de instabilidade na paz internacional, apelando à manutenção do acesso humanitário às pessoas, em particular aos mais vulneráveis e que a “liberdade de movimento seja assegurada” para aqueles que fogem do conflito.

LS

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Agência ECCLESIA

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