Ucrânia: Cáritas Internacional assistiu mais de cinco milhões de pessoas num ano de guerra

Rede pede contínuo apoio da comunidade internacional para que assistência não cesse e possa ajudar a reconstruir país das ruínas

Roma, 22 fev 2023 (Ecclesia) – A Cáritas Internacional estima que mais de cinco milhões de pessoas tenham sido assistidas desde o início da guerra na Ucrânia, a 24 de fevereiro de 2022, e pede à comunidade internacional “apoio contínuo” para responder às necessidades.

“Um ano após o início da guerra na Ucrânia, a confederação da Cáritas apela a mais solidariedade da comunidade internacional. O apoio contínuo é ainda necessário para os deslocados dentro da Ucrânia e para aqueles que nos países vizinhos tentam reconstruir as suas vidas após a destruição das suas próprias casas e cidades”, pode ler-se num comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA.

A Cáritas Internacionalis, a trabalhar em rede com as congéneres da Polónia, Roménia, Moldávia, República Checa, Eslováquia, Bulgária e Hungria, e também com a Caritas Ucrânia ligada à Igreja Ortodoxa, está há um ano a prestar “incansavelmente” assistência humanitária a mais de “5,3 milhões de pessoas afetadas pela violência e agitação na região da Europa Oriental”.

“O número de serviços prestados ao longo do último ano é verdadeiramente notável. No entanto, o que a Cáritas dá é muito mais do que assistência. Acompanhamos as pessoas antes, durante e depois de uma crise acontecer. Queremos continuar este trabalho. Queremos dar esse sentido de esperança e calor ao sofrimento na Ucrânia”, afirmou Amparo Alonso Escobar, co-Administrador Temporário da Cáritas Internationalis, em conferência de imprensa sobre o trabalho realizado na sequência da invasão da Rússia à Ucrânia.

O encontro serviu para dar a conhecer números contabilizados da ajuda prestada: dentro da Ucrânia “mais de 3 milhões de beneficiários receberam apoio humanitário”, proveniente das Cáritas que se encontram no país.

“Cerca de 3,7 milhões de artigos alimentares e não alimentares foram fornecidos; 637 mil abrigos foram oferecidos; 192 milserviços de saúde e apoio psicossocial foram fornecidos; 377 mil serviços de proteção foram concedidos; mais de 1,5 milhões de artigos de água, saneamento e higiene foram distribuídos; 107 mil e 600 receberam assistência em dinheiro”, contabilizam os responsáveis.

A Cáritas-Spes, ligada à Igreja católica, realiza um serviço “crucial para salvar pessoas”, num trabalho que afirmam não ser solitário.

“Todos os dias, todos os ucranianos e todos os funcionários da Caritas-Spes realizam um serviço crucial para salvar pessoas, e não estamos sozinhos nisto. Sentimos fortemente o vosso apoio todos os dias. A guerra é sempre uma tragédia. Mas, ao mesmo tempo, apercebemo-nos de que não estamos sozinhos. Há 365 dias que caminha connosco nesta Via Sacra, e sabemos que não nos deixará sozinhos no futuro”, afirmou o padre Vyacheslav Grynevych, secretário-geral da Caritas-Spes Ucrânia.

Mila Leonova, coordenadora de Relações Externas da Cáritas Ucrânia, afirma a esperança que este trabalho em rede venha construir uma “base de estabilidade para o futuro”, quando for necessário “reconstruir o país.

“Temos muitas cicatrizes – morte, perdas, ferimentos, casas destruídas, infraestruturas, traumas psicológicos, mas na nossa alma não somos vítimas. Estamos no nosso terreno, protegemos as nossas famílias, protegemos o que criámos com as nossas mãos. E tudo o que estamos a aprender agora – solidariedade, coesão social, dar uns aos outros uma ajuda – cria uma boa base de estabilidade para o futuro. Porque no futuro, quando tivermos de reconstruir o país a partir das ruínas, será ainda mais difícil, e precisamos da força para superar a corrida de longa distância”, indicou a responsável.

A Polónia, que nos primeiros dias acolheu 77 mil pessoas, entregou até hoje 15,7 milhões de artigos alimentares e não alimentares; cerca de 255 mil beneficiários receberam serviços de proteção; 176 mil receberam abrigo; 64 mil beneficiários receberam apoio sanitário e psicossocial; e mais de 7287 beneficiários receberam serviços de educação.

A Caritas Roménia continua a prestar ajuda através de seis centros de serviço social para refugiados da Ucrânia em Bucareste, Baia Mare, Cluj, Iasi, Oradea e Sighetu Marmatiei, e, um ano depois, estima a ajuda “alimentar e não alimentar” a 11 900 beneficiários, a ajuda com artigos de higiene a 2700 pessoas, o abrigo a 2600 pessoas, serviços de proteção a 2500 cidadãos e que 537 pessoas tenham obtido serviços de educação.

Na Moldávia, a ajuda humanitária “situa-se na capital de Chisinau e arredores”, local que acolheu e onde ainda permanecem refugiados da Ucrânia, num total estimado de 135 mil beneficiários, que contaram com ajuda alimentar e não alimentar, apoio sanitário e psicossocial, abrigo e artigos de higiene.

Na Eslováquia, a Cáritas ajudou 66 100 beneficiários com alimentos e artigos não alimentares e 36.500 com artigos de lavagem, tendo prestado também serviços de educação a cerca de oito mil pessoas, serviços de proteção a 3400 pessoas, abrigado quase 900 pessoas, tendo contabilizado 140 ajudas em apoio psicossocial.

A Cáritas da República Checa tem vindo a fornecer ajuda alimentar e não alimentar a 13300 pessoas, prestado serviços de proteção, educação e apoio sanitário e psicossocial, estando atualmente a procurar “alojamento permanente” para dar às famílias soluções e providenciar o regresso à escola as crianças.

A Cáritas Bulgária contabiliza a ajuda a quase 14 mil pessoas, prestando auxilio alimentar, serviços de proteção, apoio sanitário, psicossocial e serviços educativos.

Na Hungria, a ajuda centra-se “nas fronteiras do país e em Budapeste”, com “assistência de aluguer, assistência de vouchers e acesso a serviços económicos e sociais”.

Um ano depois do início da guerra na Ucrânia, o padre Vyacheslav Grynevych da Caritas-Spes convida hoje à participação numa oração – «’A 366ª estação’ da Via Sacra», a realizar às 19h00 locais (menos uma em Lisboa), que poderá ser acompanhada online no Canal Youtube da Caritas Internationalis.

LS

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