Ucrânia: Bispos da União Europeia pedem «renovados esforços de paz» e ONU «mais eficaz»

Reunião entre responsáveis europeus a 23 e 24 de junho é ocasião para lembrar fragilidades na falta de «unidade» e «prevalência de interesses económicos ou nacionais sobre o bem comum»

Bruxelas, 17 jun 2022 (Ecclesia) – O Conselho das Conferências Episcopais da União Europeia (COMECE) pediu ao Conselho Europeu que renove esforços de paz para a Ucrânia, um processo de alargamento credível, uma ONU “mais eficaz” e critica a falta de unidade.

Com a próxima reunião agendada para 23 e 24 de junho, a COMECE pediu aos responsáveis europeus que assumam uma “visão estratégica renovada para a estabilidade, justiça e paz ao continente europeu e ao mundo”.

“Promover uma transformação das relações internacionais para uma verdadeira comunidade global, com uma ONU mais eficaz no seu centro e cooperação multilateral mais forte para garantir a responsabilidade nos crimes”, pode ler-se na declaração assinada pelo comissário para as relações externas, D. Rimantas Norvila, bispo da Lituânia.

“Renovar e implementar o compromisso com um alargamento credível da EU, com um processo com todos os países europeus que submeteram a sua candidatura, incluindo a abertura de negociações de adesão com a Albânia e a Macedónia do Norte e conceder o estatuto de candidato à Ucrânia”, acrescenta ainda o comunicado.

A COMECE alerta ainda para a necessidade de “parcerias multilaterais e multissetoriais” que enfrentem a “ameaça alimentar e da crise energética”, bem como as “alterações climáticas e uma recuperação justa da pandemia”.

D. Rimantas Norvila

Os bispos pedem que se “reduza a dependência de regimes não democráticos, diversificando as cadeias de trocas e garantindo a sua sustentabilidade e ética”.

O comunicado refere-se ainda ao apoio da UE para a reconstrução da Ucrânia e sublinha a necessidade de uma “estratégia de paz”.

“Elaborar uma estratégia de paz da UE com base numa definição abrangente de paz, ajudaria a fortalecer uma abordagem integral para a promoção da segurança, reforçando simultaneamente as políticas civis de consolidação da paz da UE para prevenir de forma mais eficaz a eclosão de futuros conflitos violentos”, pode ler-se.

Os bispos falam ainda em “meios de defesa europeus”, desenvolvendo uma “forma responsável e colaborativa na segurança”, assegurando “o escrutínio público estrito do cumprimento dos princípios de proporcionalidade, adequação, bem como o respeito pelos direitos humanos, o estado de leis e padrões éticos”.

A declaração «Europa, renova a tua vocação para promover a paz» reconhece que a invasão da Ucrânia por parte da Rússia, a 24 de fevereiro, trouxe “sofrimento humano horrível para o país e povo”, tendo também “abalado a ordem de segurança global.”

“O mundo de hoje está a passar por mudanças geopolíticas significativas. A erosão gradual da confiança nos mecanismos multilaterais, a regressão à lógica de um confronto de grandes potências, juntamente com a diminuição do respeito por valores humanos e princípios de convivência pacífica”, constitui uma realidade a registar decorrente da eclosão da guerra.

A COMECE lamenta que apesar de a EU ter a aspiração de “se tornar um ator global mais forte para a paz”, os seus Estados-Membros “não conseguiram encontrar a unidade necessária para tomar decisões e ações coerentes, devido à indiferença, ingenuidade e a prevalência de interesses económicos ou nacionais sobre o bem comum”.

Os bispos pedem à União europeia que não cesse esforços para o fim da guerra, “com uma Ucrânia livre, segura e independente nas suas fronteiras internacionalmente reconhecidas”.

“A paz duradoura só será possível com base num acordo negociado, com o direito da Ucrânia para legitimar a autodefesa de acordo com os princípios do direito internacional que não podem ser negados”, destaca a declaração.

LS

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