Ucrânia: Arcebispo-mor de Kiev fala em «guerra sangrenta, desumana e brutal», apelando à negociação

D. Sviatoslav Shevchuk destaca resistência da população e evoca os cerca de 400 mil refugiados, em cinco dias

Foto: Lusa/EPA

Kiev, 28 fev 2022 (Ecclesia) – O arcebispo-mor de Kiev, D. Sviatoslav Shevchuk, líder da Igreja Greco-Católica Ucraniana, disse hoje que a capital do país está a resistir à invasão russa, falando numa guerra “sangrenta, desumana e brutal”.

Numa mensagem divulgada através da internet, o responsável convidou a rezar “pelo exército, a pátria, o povo sofredor” da Ucrânia.

“Hoje estamos a viver o quinto dia de guerra sangrenta, desumana e brutal. Nestes dias vimos o heroísmo dos nossos soldados, a coragem do nosso povo”, assinala D. Sviatoslav Shevchuk, criticando as “atrocidades e desumanidade” do conflito.

O arcebispo-mor de Kiev cita dados da ONU, segundo os quais há já cerca de 400 mil refugiados, “em menos de cinco dias”.

“Mas resistimos de pé, resisitimos de pé em oração”, acrescenta, convidando ao jejum durante a Quaresma, em resposta ao convite do Papa, que convocou para esta Quarta-Feira de Cinzas uma jornada especial de oração e jejum pela paz.

No dia em que Rússia e Ucrânia iniciam negociações na Bielorrússia, o responsável católico deixa votos de que o diálogo e a diplomacia vençam a guerra”.

Mesmo quando isso parece impossível, mesmo quando diplomatas, juristas e chefes de estado dizem que é muito difícil, rezemos para que Deus da paz nos dê a sabedoria de parar a agressão com o diálogo. Porque sabemos que a diplomacia e o diálogo são a alternativa à guerra”.

O arcebispo-mor agradece ao Papa pela firmeza com que tem condenado a guerra na Ucrânia.

“Estou grato ao Santo Padre pelo seu apoio, as suas orações por nós e o seu desejo de fazer todos os possíveis para parar esta guerra”, refere.

Francisco telefonou na noite desta sexta-feira a D. Sviatoslav Shevchuk, para se informar sobre a situação do país.

“Durante o telefonema, o Papa Francisco mostrou interesse pela situação na cidade de Kiev e em toda a Ucrânia em geral. O Papa Francisco disse a Sua Beatitude: ‘Farei tudo o que puder’”, refere um comunicado do Secretariado da Igreja Greco-Católica Ucraniana.

Foto: Lusa/EPA

Segundo a nota, divulgada online, Francisco também perguntou sobre a situação dos bispos e padres nas áreas mais afetadas pela operação militar russa e agradeceu à Igreja greco-católica ucraniana pela sua proximidade com o povo.

“Em particular, o Papa elogiou a escolha de permanecer entre o povo e ao serviço dos mais necessitados”, assinala o comunicado, citado também pelo portal de notícias do Vaticano.

A Arquidiocese de Kiev disponibilizou a cave da Catedral Greco-Católica para dar refúgio às pessoas.

“O Santo Padre assegurou a Sua Beatitude Sviatoslav sua proximidade, seu apoio e suas orações pela querida Ucrânia. No final do encontro, o Santo Padre enviou sua bênção para o sofrido povo ucraniano”, diz ainda a nota.

A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que mataram pelo menos 352 civis, incluindo crianças, segundo Kiev.

A ONU deu conta de perto de 370 mil deslocados para a Polónia, Hungria, Moldávia e Roménia.

OC

Vaticano: «Que as armas se calem», pede Francisco, recordando guerra na Ucrânia e noutras partes do mundo

Partilhar:
Scroll to Top
Agência ECCLESIA

GRÁTIS
BAIXAR