Ucrânia: Algarve mobiliza-se para ajudar vítimas da guerra, à espera de refugiados (c/fotos)

Padre Oleg Trushko, sacerdote greco-católico, sublinha preocupação dos imigrantes com a família e incerteza sobre o futuro

Foto: Agência ECCLESIA/HM

Faro, 28 fev 2022 (Ecclesia) – O padre Oleg Trushko, sacerdote greco-católico que acompanha a comunidade ucraniana no Algarve, agradeceu hoje o apoio dos portugueses às vítimas do conflito na sua terra natal.

“As pessoas ajudam, rezam muito”, referiu o sacerdote, em declarações à Agência ECCLESIA.

O responsável católico admitiu que as pessoas estão “muito nervosas” com a guerra na Ucrânia e muitos “não sabem o que fazer”, perante a incerteza na evolução do conflito, que já provocou cerca de 400 mil refugiados.

O padre Oleg Trushko sublinhou o facto de “todos os dias” haver manifestações em favor da paz.

“O mundo está connosco e isso é muito bonito”, assinalou.

O sacerdote tem visto “muita preocupação” da comunidade imigrante com os familiares na Ucrânia, sentimento que partilha depois de ter recebido a sua irmã, que saiu do país pela Polónia e se encontra agora em Portugal, sem a companhia do marido, envolvido nos combates.

A igreja de São Pedro, em Faro, acolhe hoje pelas 21h00 uma vigília de oração pela paz, com a presença do bispo do Algarve, D. Manuel Quintas.

O padre Oleg Trushko pede orações pela paz e alerta para a possibilidade de o presidente da Rússia, Vladimir Putin, “avançar pela Europa”, se não for travado na Ucrânia.

O Mercado Municipal de Faro acolheu este domingo uma manifestação pela paz que se transformou num momento de partilha e solidariedade com a comunidade ucraniana, como explica à Agência ECCLESIA, Oleksandra Tynkayuk.

“Espontaneamente recebemos muitos donativos”, referiu, já num momento em que os bens alimentares, vestuário e medicamentos estavam a ser guardados num armazém cedido por lojistas locais.

O objetivo inicial da manifestação foi a recolha de assinaturas para sensibilizar autarcas e responsáveis nacionais, pedindo-lhes que assegurem “transporte legal” para os refugiados da Ucrânia que querem chegar a Portugal.

“Há mais perguntas do que respostas”, admitiu a entrevistada, em particular no que diz respeito ao transporte dos donativos em território ucraniano.

“Acredito que o meu povo consegue organizar-se de forma extraordinária”, acrescentou, lembrando que “a Ucrânia já está em guerra há oito anos”.

Oleksandra Tynkayuk relata que há várias mulheres e crianças na fronteira com a Roménia, aguardando pela possibilidade de seguir até Portugal.

Ruslan Samokhlov, imigrante ucraniano no Algarve, e a sua filha, Alina Samokhvalova, participaram na manifestação de domingo, mostrando-se “chocados” com o cenário de guerra que irrompeu nos últimos dias.

“O que está a acontecer não cabe na cabeça de ninguém”, realça Ruslan Samokhlov, relatando que os familiares na Ucrânia se encontram “assustados”, mas determinados em defender o seu país.

Mais de 500 mil pessoas deixaram a Ucrânia para se refugiar em vários países vizinhos desde que começou a ofensiva militar russa, na madrugada de 24 de fevereiro, referiu hoje o alto-comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi.

HM/OC

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