UCP: Novo patriarca de Lisboa deu «última aula» na instituição

D. Manuel Clemente destacou «campo de pesquisa» onde durante 40 anos teve oportunidade de compreender a «potencialidade» do catolicismo

Porto, 17 jun 2013 (Ecclesia) – O novo patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, assinalou quatro décadas de ligação à Universidade Católica Portuguesa, enquanto aluno e professor, com uma “última aula” em que abordou a influência da instituição no seu percurso eclesial.

Numa mensagem difundida através da internet, o até agora bispo do Porto referiu que “quarenta anos de discência e docência entre professores e alunos” proporcionaram-lhe “um campo permanente de pesquisa e resposta, de didática exigente e convivência estimulante” essenciais para responder “adequadamente” às exigências do seu ministério.

“A realidade da Igreja e do mundo pedem respeito pela respetiva verdade e exigem verdade na resposta”, sublinhou D. Manuel Clemente, que durante a sua ligação à UCP teve a oportunidade de “entrelaçar” o seu “percurso docente com a preocupação profunda de compreender o catolicismo português contemporâneo”.

O patriarca de Lisboa começou a lecionar História da Igreja na UCP em 1975 e doutorou-se em Teologia Histórica em 1992 com uma tese dedicada às “origens do apostolado contemporâneo em Portugal”.

Um ano mais tarde integrou a Sociedade Científica da Universidade Católica e entre 2000 e 2007 foi diretor do Centro de Estudos de História Religiosa da mesma universidade.

Enquanto docente de História da Igreja Contemporânea, um dos seus principais projetos foi estudar a prática do catolicismo nacional e internacional no pós-liberalismo.

Não só compreender “a sua capacidade de resistir a tantos e tão drásticos desafios, mas também a potencialidade que mantinha para se recompor e mesmo para converter religiosamente e entusiasmar militantemente um número considerável de pessoas e em gerações sucessivas”, como aconteceu a partir de 1843, com o surgimento do Movimento Católico.

“O termo não é exclusivo de Portugal, mas aplica-se a tudo quanto tentou relançar o catolicismo no quadro político-cultural do liberalismo, incluindo alguns dos seus aspetos vivenciais (protagonismo individual, liberdade associativa, etc) e projetando o Evangelho numa sociedade crescentemente plural”, explicou o prelado.

Para D. Manuel Clemente, “a partir de 1843 houve sempre no catolicismo português quem compreendesse que a um mundo que se autonomizava em relação à Igreja tinha de responder uma reevangelização autonomizada em relação às opções políticas particulares; e que os meios laicizados requeriam uma militância mais repartida pelo conjunto dos crentes”.

Uma ideia que o bispo natural de Torres Vedras deixou vincada no terceiro volume da História Religiosa de Portugal (Círculo de Leitores, 2002), subordinada ao tema “A vitalidade religiosa do catolicismo português do liberalismo à república”.

JCP

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