Fernando Alexandre marcou presença na sessão solene do Dia Nacional da Universidade Católica Portuguesa, com o mote «O saber como esperança»
Lisboa, 07 fev 2025 (Ecclesia) – O ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, defendeu hoje, na sessão solene do Dia Nacional da Universidade Católica Portuguesa (UCP), em Lisboa, a autonomização das universidades para “pensar o futuro”.
“Se há instituições que têm a responsabilidade de pensar o futuro, projetar o médio ou longo prazo, são as instituições de educação superior. São as instituições do nosso sistema científico e tecnológico”, afirmou o governante, no Auditório Cardeal Medeiros da UCP.
Na intervenção, perante autoridades civis, religiosas e académicas, Fernando Alexandre destacou que foi aprovada esta quinta-feira em conselho de ministros uma proposta de lei que visa rever o Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior, sublinhando que esta é “transformadora”, na medida em que “vai reforçar a autonomia das instituições”.
“O nosso sistema de educação superior é todo ele excessivamente regulamentado, limitando a capacidade de realização das ambições, e há muita ambição nos nossos cientistas, nos nossos dirigentes, e que fica muitas vezes aquém, precisamente por não termos o enquadramento institucional que precisamos”, reconheceu.
Nesse sentido, o ministro da Educação apontou que é para isso que os decisores públicos servem, isto é, para “mudar as leis, que criem o contexto que permite depois a procura” de “plenitude”.
No início da sessão solene, a reitora da UCP, Isabel Capeloa Gil, reforçou a ideia da persistência do poder estatista no ensino superior.
“Acreditamos sempre que um sistema de ensino e educação forte exige diversidade, espaço para a diferença, o que nem sempre é compreendido face ao sufocante estatismo que o país sofre há séculos”, assinalou.
A reitora da UCP deu o exemplo de se continuar a fazer um “condicionamento injustificado do número de admissões ao mestrado integrado de Medicina da UCP”, num momento em que o país enfrenta uma “crise evidente no sistema de saúde”.
Isabel Capeloa Gil realçou que a UCP criou a “custo zero” para o país um curso de medicina “de excelência”, que anualmente dá mais de 5 milhões de euros em bolsas de méritos e sociais e que tem um programa de apoio estratégico a estudantes refugiados e carenciados, o fundo Papa Francisco.
“Servimos Portugal no ensino e na ciência que produzimos, no serviço à sociedade”, sublinhou, citando depois uma frase do padre António Vieira:
“Se servistes a pátria, que vos foi ingrata, vós fizestes o que devíeis, ela o que costuma”.
![]() ![]() A sessão solene do Dia Nacional da Universidade Católica, que teve como tema “O saber como Esperança” abriu com o discurso do magno chanceler da UCP e patriarca de Lisboa, que disse que aquela é uma instituição “chamada a ser casa de homens e mulheres inquietos, de buscadores de plenitude”. “A esperança nunca pode realizar-se de forma isolada, mas é sempre um compromisso amplo com todos e aqui poderíamos dizer realmente católica”, afirmou. Segundo D. Rui Valério, “há uma tarefa de transformar o mundo a que ninguém pode ser alheio e a Universidade Católica Portuguesa tem a vocação de formar pessoas capazes de impregnar o mundo com o suave odor de Cristo, profundo solidariedade de comunhão, de compromisso social”. “O saber como esperança, para além de dar nome à nossa sessão solene, também nos desafia a considerar a dimensão prática e mais concretamente existencial do saber e do conhecimento que é a sabedoria. E a Universidade é o lugar próprio para o fazer”, referiu. Na impossibilidade de poder estar presente, o prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação (Santa Sé), D. José Tolentino de Mendonça, enviou uma mensagem, transmitida na cerimónia, na qual frisou que “a vocação de uma universidade é tornar-se o laboratório da esperança”. “Entre as múltiplas aprendizagens que hoje nos são requeridas, há lacunas culturais que persistem. E uma delas é a aprendizagem da esperança. Certamente o discurso da esperança deve ser tudo menos superficial ou considerado fácil”, referiu. De acordo com o cardeal, “nenhuma construção da esperança subsiste se não aceita dialogar e confrontar-se com a complexidade, inclusive enfrentando as dolorosas manifestações de anti esperança que ferem” o tempo atual. D. José Tolentino de Mendonça evocou a necessidade de “uma educação para a esperança” e lembrou que o Papa Francisco na bula deste ano santo propôs “que se reconheça a necessidade de uma aliança social em prol da esperança, que seja inclusiva e não ideológica e nos ajude a trabalhar juntos para um futuro comum”. Desta forma, o cardeal português saudou Ilídio da Costa Leite de Pinho e Vasco Maria Guimarães José de Mello, que foram distinguidos com o grau de doutor Honoris Causa durante a cerimónia. |
A sessão solene ficou também marcada pela imposição das insígnias e entrega de cartas doutorais a 97 novos doutores da Universidade Católica, com Helena Carmo a tornar-se a primeira pessoa surda a obter um doutoramento na Universidade Católica Portuguesa.
Foram ainda entregues as medalhas de prata e ouro, aos colaboradores da Universidade que completem 25 e 40 anos de serviço, como forma de reconhecimento pela sua dedicação.
LJ/PR